Nas últimas semanas, a pecuária de corte em Mato Grosso sofreu grande impacto devido ao envolvimento da maior empresa compradora de bovinos do Estado na operação Lava Jato. No Estado, as cotações do boi gordo a prazo desvalorizaram 1,42% na comparação entre 26 de maio e 19 de maio, segundo o último boletim da bovinocultura do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Nos negócios à vista, a queda semanal foi de 2,35%. Segundo o instituto, o preço voltou aos patamares observados após a operação Carne Fraca. O preço do boi gordo e da vaca gorda também obteve queda no comparativo semanal, de 1,27% e 1,81%, respectivamente, encerrando a semana com R$ 123,43 e R$ 116,24.A desconfiança entre os criadores do Estado, que receiam, entre outras coisas, o fechamento de plantas frigoríficas da JBS em Mato Grosso, foi causada pela delação do empresário há cerca de duas semanas, que fez com que as ações da empresa despencassem.
A empresa hoje detém cerca de 43% do mercado estadual, segundo dados do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Esta-do (Sindifrigo/MT). O pecuarista Luiz Carlos Meister informou que está comercializando a arroba do boi gordo por R$ 126 à vista na região de Cuiabá. Em relação há 15 dias, a queda foi de R$ 2, isso após muita consulta, segundo ele.
“Para quem como eu que já vendeu a arroba por R$ 144 no fim do ano, a queda é muito grande. A situação da pecuária está muito difícil. Os custos só aumentaram nos últimos tempos. O preço da ração avançou com a queda na produção de milho da safra passada, aliado ao aumento do custo da mão de obra e à incidência do Funrural. Percebemos que o preço só está caindo, mas o custo para manter a atividade está cada vez maior”, ressalta. Ele acrescenta que há receio entre os produtores de que a empresa feche as portas no Estado e com o recuo na comercialização estão sobrando animais.