|2511|
Preocupadas com os registros de casos de Influenza Aviária, nos últimos três meses, em 33 países – especialmente o Chile, que divulgou o problema na primeira semana de janeiro –, as agroindústrias produtoras e exportadoras de carne de frango e as empresas produtoras do segmento de ovos decidiram suspender, por 30 dias, as visitas de todos os clientes e fornecedores, incluindo o Brasil, às suas estruturas físicas, principalmente, onde são mantidas as aves vivas. A suspensão está valendo desde esta terça-feira.
O alerta é da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Presidente da instituição e membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), o ex-ministro Francisco Turra disse, em nota oficial à imprensa, que essa decisão complementa uma série de outras medidas de biosseguridade, já estabelecidas pelo Grupo Estratégico de Prevenção de Influenza Aviária (GEPIA), vinculado ao Conselho Diretivo da instituição.
“As agroindústrias e as entidades estaduais estão engajadas nesta ação. Estamos fortalecendo nosso protocolo de biosseguridade, tornando ainda mais restritiva a circulação de pessoal e produtos dentro do processo produtivo, com total controle, inclusive, das equipes das empresas. Somos o único grande produtor e exportador mundial que nunca registrou foco da enfermidade, e é isso que buscamos preservar com esta medida”, afirma Turra, em nota.
A proibição de visitas já era aplicada a estrangeiros provenientes de nações com focos ativos de influenza aviária. Para países sem focos da enfermidade, a visita era permitida apenas após uma quarentena de 72 horas, realizada no Brasil. Outras medidas estão sendo articuladas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e às agências de defesa das secretarias de agricultura estaduais.
Desde 2002, o mundo vive sob a ameaça da influenza aviária, mas na opinião do presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), José Antônio Ribas Júnior, “certamente, hoje, a ameaça é maior”. Para ele, mesmo que as agroindústrias e seus sistemas de produção tenham evoluído nas ações preventivas, e isso é fato no Brasil, a ameaça ainda é crescente: “A movimentação de pessoas no mundo é cada vez maior e temos mais países com casos positivos. Esses fatos por si só geram maior probabilidade de contato”.
De prático, conforme Ribas Júnior, “todas as empresas implementaram ações de capacitação de produtores e dos processos de produção”. “A conscientização das práticas de biosseguridade está presente em todas as fases de produção. Blindamos o ciclo da água; fechamos com telas os aviários, para evitar acessos de animais silvestres; colocamos barreiras de entrada de pessoas e veículos. Enfim, é um trabalho que fazemos há mais de dez anos e isso nos diferencia”, garante o presidente da Acav, José Antônio Ribas Júnior.
Ainda assim, acrescenta o presidente da Acav, “não existe risco zero”: “Dessa forma, a persistência e constância de propósito é que podem nos ajudar a manter nossa condição de livre desta e de todas as demais doenças importantes presentes em outros países”.
Ribas Júnior garante que o programa brasileiro de compartimentalização da avicultura nacional é “muito seguro, competente e pioneiro”. “Temos aqui os primeiros processos de produção certificados em compartimentalização e vamos ampliar. Essa é mais uma demonstração de competência do nosso setor. Este conceito ajuda a ampliarmos as barreiras a qualquer evento sanitário. Não é um processo simples, não é rápido, e há custos adicionais envolvidos, mas estamos trabalhando para agregar benefícios. Logo, o Estado de Santa Catarina terá seu primeiro compartimento.”
No dia 9 de dezembro passado, o Mapa emitiu um alerta sanitário de prevenção à influenza ou gripe aviária, por tempo indeterminado, como forma de intensificar as ações de defesa destinadas a prevenir a entrada da doença no Brasil. Segundo o diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Guilherme Marques, “nossa maior preocupação são as aves migratórias, que vêm ao país para fugir do inverno no Hemisfério Norte”, mas “a produção comercial (do Brasil) já tem controles sanitários muito rígidos”.
“Todos os integrantes da cadeia produtiva devem estar conscientes do risco e preparados para enfrentá-lo. Qualquer mortalidade alta de aves deve ser, imediatamente, informada ao serviço veterinário oficial, a fim de que os veterinários possam estar na propriedade num prazo de até 12 horas para começar a investigação”, alertou Marques, naquela ocasião.
Ele salienta que o Brasil exerce um trabalho contínuo de prevenção à influenza aviária, que também oferece risco à saúde humana. A partir do alerta, o acesso às granjas (pessoas, animais e veículos) ficará mais rigoroso e ainda será intensificado o treinamento das equipes de veterinários. O Ministério da Agricultura também já adquiriu materiais e equipamentos para situações emergenciais e revisou os planos de contenção da doença.
O território brasileiro tem 20 sítios (locais) de monitoramento da entrada das aves migratórias, com vigilância ativa para influenza aviária e doença de Newcastle em aves domésticas residentes, ao redor de 10 quilômetros desses lugares, onde também há uma vigilância passiva para as aves migratórias/silvestres.
Pelo menos 197 espécies de aves podem migrar, sendo que, deste total, 53% (104 espécies) se reproduzem no Brasil e 47% (93 espécies) têm sítios de reprodução em outros países.
Também conhecida como gripe aviária, a influenza aviária (IA) é uma doença altamente contagiosa, transmitida pelo vírus da influenza tipo A, que ocorre principalmente em aves e menos comumente em suínos. Em raras ocasiões atravessou a barreira entre as espécies e infectou a população humana, conforme documento do Mapa.
Em aves domésticas, as infecções pelo vírus da IA são classificadas como de alta e baixa patogenicidade, relacionada à capacidade de provocar sinais clínicos severos em aves. Conforme o Ministério da Agricultura, as variantes de baixa patogenicidade causam sintomas brandos, que podem facilmente passar despercebidos.
De acordo com o órgão federal, as formas altamente patogênicas mostram sinais mais marcantes. Sua disseminação no lote de aves ocorre rapidamente, causando síndrome que afeta múltiplos órgãos apresentando mortalidade que pode atingir 100% das aves afetadas, em menos de 48 horas.
Espécies de aves selvagens, principalmente as aquáticas, como patos e marrecos, podem albergar cepas de vírus, tanto de alta como de baixa patogenicidade, sem apresentação obrigatória dos sinais clínicos. O contato entre aves domésticas e migratórias tem sido a origem de muitos surtos epidêmicos. A IA pode ocasionalmente infectar a população humana e outros animais, após contato direto dessas espécies com aves infectadas.
As informações são da assessoria da SNA.
Fonte: Só Notícias/Agronotícias (foto: divulgação/arquivo)