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Mato Grosso ganha 100 mil hectares de pastagens recuperadas. Esse é o saldo da participação do vice-governador e secretário de Meio Ambiente Carlos Fávaro numa conferência climática na região metropolitana de Cali, na Colômbia. No evento Fávaro reforçou o compromisso de seu estado em zerar o desmatamento até 2020 e nesse período recuperar 1 milhão de hectares de Áreas de Preservação Permanentes e 1,9 milhão de hectares de reservas legais.
A recuperação de 100 mil hectares foi pactuada entre o governo de Mato Grosso e o Fundo Althelia Climate, com sede no Grão-Ducado de Luxemburgo e escritório operacional em Londres, na Inglaterra. Trata-se de uma governança tripartite por meio do programa “Novo Campo”, entre o Althelia, governo estadual e pecuaristas e outros elos da cadeia pecuária.
Na Colômbia Fávaro costurou com o Althelia a execução do programa, que inclui a recuperação de pastagens degradadas ou parcialmente degradadas em Alta Floresta e região, como prosseguimento de uma ação experimental lançada em 2014 e iniciada em 2015, que recuperou pasto, protegeu e preservou nascentes e matas ciliares em 20 propriedades com pecuária bovina, que juntas somam 10 mil hectares com 34 mil bovinos de mamando a caducando naquele e no município de Cotriguaçu.
O projeto é abrangente: atende parte da demanda mato-grossense pela recuperação de pastagens e reforça a política ambiental estadual de proteção climática. A Althelia enquanto fundo financia em seis anos, a juros baixos e com carência, os investimentos na recuperação ou reforma das invernadas, construção de cercas e currais, e a recomposição das matas ciliares que foram antropizadas. Esse processo, segundo Fávaro, se necessário inclui aração, calagem, adubação e o plantio de gramíneas adaptadas à região e, portanto, mais resistentes ao pisoteio.
A ação-piloto já concluída apurou que as áreas atendidas triplicaram sua produtividade, reduziram o tempo de engorda do boi para o abate em um ano e passaram a preencher os requisitos dos consumidores na União Europeia, pela carne bovina produzida de modo ambientalmente correto na Amazônia Mato-grossense. Além disso, também abriu no Brasil as portas da rede de fast food McDonald’s para a carne de Alta Floresta. Na fase experimental o programa foi coordenado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com parceria da Embrapa, outras instituições e adesão do Grupo JBS.
A região de Alta Floresta tem cerca de 1 milhão de hectares de pastagens degradadas – adianta o vice-governador. Segundo ele, o programa reincorporará ao processo produtivo 10% dessa área. “Isso no primeiro momento”, avalia, mas a meta é reforçar a parceria com o Althelia e buscar outros fundos quer sejam ou não europeus para que em Mato Grosso toda pastagem degradada pelo pisoteio, erosão, cupins e outros problemas seja recuperada.
Na avaliação da Fávaro, Mato Grosso tem plena condição de aumentar sua produção de proteínas vegetais e animais sem avançar com o desmatamento, que causa grandes impactos ambientais, principalmente nas questões climáticas. Para tanto, será preciso dar continuidade aos programas existentes de incentivo ao produtor para que ele possa cultivar ou se dedicar à pecuária em sua área. O vice-governador espera que em 2020 desmatamento seja palavra riscada da realidade mato-grossense.
Fávaro prepara um grande evento em junho, para lançar a parceria com o Althelia. Cauteloso ele não fala no montante que deverá ser financiado pelo programa, mas levando-se em conta que no projeto embrionário de 10 mil hectares foram investidos 11,5 milhões de euros, a recuperação de 100 mil hectares deverá contar com uma cifra em torno de 115 milhões de euros.
Fonte: Diário de Cuiabá (foto: assessoria governo do Estado)