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Multinacional fecha todas as unidades frigoríficas no Estado

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Uma semana após a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, a JBS/Friboi, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo e alvo das investigações, confirmou que suspendeu por três dias, a produção de carne bovina em 33 unidades, sendo 11 delas em Mato Grosso, das 36 que opera no País. Até ontem, apenas a unidade de Diamantino (MT) abateu gado. A partir de hoje, nenhuma planta estará em atividade no Estado que detém o maior rebanho do país. Além da confirmação da paralisação temporária dos abates, que já havia sido divulgada, inclusive pelo Diário, a multinacional brasileira anunciou que retornará as atividades na próxima semana em todas as unidades, porém, com uma redução de 35% da sua capacidade produtiva.

Mesmo antes da paralisação, o efeito em cadeia sobre o campo foi imediato. Com a retração e rejeição do consumo internacional nesse primeiro momento e a perspectiva de redirecionamento de toneladas de carnes para o mercado interno, a arroba do boi já caiu no Estado cerca de 3% a 5%, dependendo da região. Como explica o presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires, isso representa uma perda financeira de R$ 5 a R$ 7 em menos de uma semana.

Conforme acompanhamento diário de preços do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as médias de preços para arroba do boi gordo de ontem fecharam em queda em quase todas as praças. Em Araputanga e Pontes e Lacerda, por exemplo, onde as unidades da JBS/Friboi paralisaram as compras ainda na terça-feira, a queda é de 1,29 (R$ 125,89) e de 0,66 (R$ 125,56), respectivamente.

Como explica Jorge Pires, que também é pecuarista, a paralisação da JBS revela mais uma vez aquilo que o segmento produtivo sempre combateu que é a concentração de mercado por poucas empresas. “Acredito que a empresa detenha atualmente cerca de 50% dos abates no Estado. Com a saída temporária deles do mercado, não há dúvidas de que a lei do mercado da oferta e procura vai prevalecer e isso preocupa muito o criador, o pecuarista, afinal, como ratificamos, há um problema operacional, em nenhum momento se questiona a qualidade da carne ou a sanidade do que estamos produzindo”. Somente a JBS possui 11 das 24 plantas com certificação do Selo de Inspeção Federal (SIF) no Estado.

A maior preocupação dos pecuaristas mato-grossenses é que o excesso de animais prontos para o abate inche o mercado e pressione cada vez mais o valor da arroba para baixo, até porque a JBS anunciou que vai reduzir sua capacidade operacional a partir da próxima semana. Anteontem, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), deixaram claro que vão aceitar que empresas se utilizem do atual momento “para manipular o mercado e pressionar o preço da arroba. A produção de carne em Mato Grosso, bem como em todo o Brasil, depende da parceria de todos os integrantes da cadeia produtiva”.

3 dias – Das três unidades da JBS que manterão os abates, a nota não detalha onde estão as unidades e tão pouco em que ritmo essas escalas estarão operando nesses três dias (de quinta a sábado). Conforme justifica, “as medidas visam ajustar a produção até que se tenha uma definição referente aos embargos impostos pelos países importadores da carne brasileira. A JBS ressalta que está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil colaboradores em todo o Brasil”, destacou.

Apesar de oficializar apenas ontem a suspensão, data em que as compras foram paralisadas, em Mato Grosso os abates foram antecipadamente interrompidos já na terça-feira, nas unidades da JBS de Pontes e Lacerda e Araputanga, localizados na região oeste do Estado, porção que concentra a bovinocultura de corte mato-grossense, como divulgou o Diário.

Mesmo sem ter nenhuma unidade frigorífica citada nas investigações, os impactos da Operação foram suficientes para desestruturar a cadeia da pecuária no Estado, reduzir em mais de 90% a média diária das exportações e criar inúmeras incertezas em relação aos rumos do preço da arroba, sobre a retomada das escalas de abate, da movimentação dos estoques, de como os preços do varejo vão se comportar ao consumidor final e o principal, quanto tempo levará para que a cadeia se restabeleça. Mato Grosso detém o maior rebanho de bovinos de corte do país e é o maior abatedor nacional, com média anual de cerca de 5 milhões de cabeças.

Além de reforçar a qualidade da carne com várias frentes de ações, desde o Ministério da Agricultura, o presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires reforça uma ação local em que espera grandes resultados. “A mobilização batizada de ‘Nossa Carne é Forte’, convida para que no próximo domingo, dia 26, toda a população está tenha a carne bovina como o principal prato do almoço e poste-o nas redes sociais (#nossacarneéforte; #domingoédiadecarne; #tododiaédiadecarne).

A operação – A Operação Carne Fraca, que desarticulou uma organização criminosa, no âmbito do Ministério da Agricultura, revelou um esquema envolvendo fiscais do Ministério na liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos. Grandes empresas do setor são alvos da ação como a JBS/Friboi e a BRF (Sadia e Perdigão). A PF cumpriu mandados nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal.

Fonte: Diário de Cuiabá (foto: assessoria Mapa)

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