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Com um rebanho de cerca de 4 milhões de cabeças de suínos, Mato Grosso dá os primeiros passos para implantar o 1º projeto de compartimentação de suínos do Brasil. Trata-se de um conceito definido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), para certificar uma subpopulação animal com um status sanitário diferenciado para uma ou mais doenças específicas. Este sistema de produção oferece garantias adicionais a outros processos de certificação que já existem, como a regionalização, favorecendo a oferta de produtos suinícolas e o comércio seguro entre os países, ainda que ocorram eventuais surtos dessas doenças.
O assunto foi discuto na quinta-feira (16) entre suinocultures, diretores da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), técnicos do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Animal do MAPA, Guilherme Marques, a compartimentação visa transformar e aperfeiçoar o que as grandes empresas suinícolas já fazem no que diz respeito a integração de suínos de uma maneira documental e auditável, e que permita o acompanhamento de perto por parte das autoridade nacionais e internacionais. E consequentemente para que ocorra uma validação, que demonstra que é uma área livre de peste suína clássica (PSC) e febre aftosa, mas com um diferencial sem o uso da vacina.
“Ou seja, ser reconhecido por meio de compartimento como livre de febre aftosa sem vacinação, o que abre novos mercados à suinocultura e blinda o sistema produtivo da suinocultura industrial para estarmos preparados caso uma eventual crise sanitária ocorra em algum momento no Estado ou país. Exemplo disso é o Japão, que passou quase um século sem febre aftosa até que o vírus entrou no país”, afirmou.
O processo de implantação da compartimentação leva de 12 a 18 meses e requer a participação de produtores, dos setores privado e público. Para que se inicie o processo é preciso que setor privado e o próprio estado de Mato Grosso, em especial o Indea/MT manifeste interesse de participar no projeto, e que tenha acompanhamento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e coordenação do Mapa. “Uma vez isso oficializado, vamos estabelecer um grupo de trabalho para que possamos identificar os fatores de risco dentro de uma granja, frigorífico, fábrica de ração e todo o sistema que está englobando nesse compartimento para que se estabeleça medidas de segurança compatíveis a evitar eventual entrada de um vírus da PSC ou aftosa”.
O presidente do Indea/MT, Guilherme Nolasco, afirma que tudo que pode viabilizar investimentos para o desenvolvimento econômico e social do Estado é bem vindo. “Esse é um modelo novo de produção, que o setor produtivo quer implantar, o Mapa está trazendo as informações detalhadas e o Indea está de portas abertas para aprofundar a discussão e ver a viabilidade disso”.
O diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, complementa que a suinocultura pode trabalhar de maneira diferente, mas que é preciso que o setor privado e o público trabalhem juntos para que os resultado sejam alcançados.
Fonte: Só Notícias/Agronotícias (foto: divulgação/arquivo)