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Antes mesmo da virada do ano, o Consórcio Antiferrugem, uma parceria público-privada no combate à ferrugem asiática da soja, registrava no mesmo dia dois novos casos da doença fúngica em lavouras comerciais de Mato Grosso. Dessa vez, as confirmações foram feitas no município de Campo Novo do Parecis (396 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), elevando o total de ocorrências da safra 2016/17 para cinco, todos identificados no mês de dezembro.
Conforme relato de autoridades sanitárias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Mato Grosso (Mapa) e da Fundação MT – responsáveis pelos dois últimos registros – as ocorrências surgiram são em áreas com pulverizações preventivas, o que justifica a necessidade do alerta máximo para a gravidade da dispersão da doença. “Alertamos para os casos, e não são poucos, de produtores que estariam colhendo lavouras superprecoces sem terem feito ao menos uma aplicação. E com o início da colheita a situação pode piorar, pois os esporos se espalham com facilidade, podendo voar por mais de mil quilômetros e onde não há controle preventivo, o estrago é certo”, assevera o auditor fiscal do Ministério da Agricultura (Mapa), em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra.
Ele frisa ainda que muitos produtores ainda lançam mão de misturas pouco eficientes e produtos com baixa eficiência. “Casos, estes ainda mais preocupantes, de produtores que teriam feito apenas aplicações de ‘produtos biológicos’, multiplicados em nível de fazenda, sem eficiência comprovada. O Indea/MT tem o poder de notificar os produtores a fazerem pulverizações onde encontrarem focos de ferrugem asiática. Esta fiscalização é extremamente importante, especialmente nesta época do ano, quando algumas colheitas já começaram. A falta de aplicações nestas áreas levará a uma ampla disseminação da ferrugem agora em janeiro. Por isso nossos alertas são incansáveis”.
As confirmações registradas no último dia 28 se deram em plantas em estádio de desenvolvimento (fenológico) R5, já entrando em fase de desenvolvimento do grão, ou seja, em um momento bastante delicado da lavoura, no qual a incidência da doença pode de fato pôr em risco a produtividade da soja. A identificação desses casos foi feita por Dias Guerra do Mapa/MT e pelo pesquisador Ivo Pedro da Fundação MT.
A doença, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi é considerada uma das mais severas que incidem sobre a cultura e pode ocorrer em qualquer estádio fenológico. Plantas infectadas apresentam desfolha precoce, comprometendo a formação e o enchimento de vagens, reduzindo o peso final dos grãos e demandando mais custos de combate e controle ao produtor. Nas diversas regiões geográficas onde a ferrugem asiática foi relatada em níveis epidêmicos, os danos variam de 10% a 90% da produção.
O pesquisador da Fundação MT, Fabiano Siqueri, reforçou, assim como Dias Guerra vem fazendo desde dezembro, que Ferrugem tem condições favoráveis de propagação na atual safra e que a colheita já iniciada – conforme noticiada com exclusividade pelo Diário na edição do último dia 30 – das variedades precoces pode acelerar disseminação dos fungos. “O clima adequado para a planta também é bom para a ferrugem”, destaca o pesquisador.
O primeiro caso de ferrugem asiática da safra 2015/16 só foi confirmado em meados de janeiro de 2016. O atraso se deu em razão da forte estiagem que empurrou o período chuvoso, segurando o surgimento da doença. Já na atual safra, o primeiro foco veio antes mesmo da conclusão do plantio, com um caso em União do Sul, norte mato-grossense, no começo de dezembro. Essa confirmação, serviu de alerta, demonstrando que doença estava ativa e pronta para se espalhar, favorecida, como nunca, por um clima quente e úmido, o mesmo clima que tanto favoreceu o plantio da soja. Além de União do Sul e dois casos de Campo Novo do Parecis, foram identificadas a presença da doença em Campo Verde e em Primavera do Leste.
Brasil – Até ontem, o Consórcio Antiferrugem contabilizava 45 registros da doença na safra brasileira de soja. O Paraná segue liderando os casos de ferrugem no país, com 19 confirmações, seguido por Mato Grosso do Sul com 14, Mato Grosso com cinco, Rio Grande do Sul com quatro e São Paulo com três. Dos 45 casos, 24 deles são em estádio R5.
Fonte: Só Notícias/Agronotícias/Diário de Cuiabá (foto: divulgação/arquivo)