Entre as 27 Unidades Federativas do país, Mato Grosso é a 2ª que mais acessou recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no 1º trimestre deste ano. Foram aprovados para o Estado R$ 692,2 milhões, valor que supera em 26,50% o montante liberado no mesmo período de 2016, quando foram R$ 547,2 milhões, segundo estatísticas da instituição financeira.
O montante foi repassado por meio de 2,873 mil operações em 2017, ante 5,561 mil no ano anterior, que aponta uma concentração maior de recursos este ano, já que a queda no volume de operações foi de 48,34%.Além de Mato Grosso, outras 10 Unidades Federativas elevaram a contratação de recursos. A maior demanda é registrada na Ceará, que contratou R$ 1,091 bilhão nos 3 primeiros meses do ano, elevação de 73,77% sobre 2016.
Em Mato Grosso, a agropecuária emprestou R$ 500,7 milhões, 72,33% do total liberado no trimestre. Além disso, a cifra supera em 37,44% o desembolso aferido no mesmo intervalo do ano passado, quando atingiu R$ 364,3 milhões. No período, o recurso para o agro foi pulverizado em 1,127 mil operações, ante 1,131 mil em 2016.
Outro segmento que recorreu mais ao crédito é a infraestrutura. Foram aprovados R$ 116,1 milhões de janeiro a março, alta de 55% sobre os R$ 74,9 milhões 1 ano antes, no mesmo período. Na avaliação da consultora empresarial Maria Terezinha de Farias, desde o fim de março a procura dos empresários por estruturar projetos de captação de recursos financeiros voltou a aumentar. “Há uma tentativa de retomar os projetos e isso irá refletir mais no 2º semestre deste ano”.
Contudo, os bancos estão mais seletivos, acrescenta ela. “Embora tenha verba e bons projetos, não se está mais aceitando o Fundo Garantidor para pequenos empreendimentos. Operações até R$ 500 mil não estão conseguindo acessar o crédito agora”. Esta dificuldade explica, segundo ela, a redução no número de contratos atendidos e a elevação do desembolso este ano, em comparação com 2016.
Indústria, Comércio e Serviços foram os setores que menos demandaram os recursos do BNDES. Os industriais retraíram em 53,96% a busca pelo recurso, ao contratar R$ 17,9 milhões no 1º trimestre, ante R$ 38,8 milhões em 2016. De acordo com o presidente da Federação das Indústrias (Fiemt), Jandir Milan, o setor não tem buscado investimento porque o momento econômico não é propício.
Com a retração no consumo interno, as empresas não encontram meios de investir para produzir mais. “Os bancos podem reduzir juros, mas os empresários não estão seguros para investir”. O segmento do Comércio/Serviços também captou menos dinheiro, de R$ 57,5 milhões e queda de 16,89% sobre 2016, quando acessou R$ 69,2 milhões.