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Os recentes surtos de gripe aviária em países da Ásia, Oriente Médio e da Europa, acenderam o alerta em todo o mundo, e no Brasil não é diferente. A gripe aviária está de volta, e se espalhando rapidamente, mas com um consistente programa de sanidade – que garantiu a produção nacional certificações importantes – a aposta é de que o país ganhe mercado internacional diante do surto da doença.
A projeção inicial da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), divulgada em dezembro de 2016, estimou crescimento entre 3% e 5% nas exportações brasileiras de carne de frango em 2017. Porém, o vice-presidente da Instituição, Rui Vargas, não descarta a possibilidade de elevação no volume exportado até que a doença seja controlada.
“Em outras ocasiões vimos um ligeiro crescimento dos embarques, então, é possível que isso novamente ocorra. Mas, precisamos estar cientes que os países são eficientes no combate à doença, por isso, o movimento provavelmente será momentâneo”, acrescenta Vargas.
“O status sanitário do setor avícola brasileiro poderá ser determinante para o incremento dos negócios com os diversos mercados recentemente afetados por focos de Influenza Aviária”, também confirma o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Segundo Vargas a entidade fará levantamento de dados, entre janeiro e fevereiro, sobre o potencial de exportações brasileiras dentro do cenário de gripe aviária, e ressalta a necessidade de cautela. Em Santa Catarina, o setor vê com otimismo a formação do mercado para 2017. Em nota, o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antônio Ribas Júnior, avalia que o país poderá se destacar ainda mais no cenário internacional diante da presença cada vez mais forte da Influenza Aviária.
“Isso, somado a nossa qualidade, o resultado é o surgimento de novas oportunidades. Mas, para que se tornem efetivas, precisamos de uma atuação forte de governo em abrir acordos comerciais e ou fortalecer acordos existentes. Precisamos colocar o Brasil em evidência neste cenário e ocupar mais espaços no mercado internacional. Estamos otimistas, pois a política externa do atual governo tem a clareza de que temos competências e virtudes que nos permitem brigar por isso”, destaca Ribas.
A avicultura brasileira, líder mundial em exportações de carne de frango, possui um dos programas sanitários mais completos do mundo. Recentemente empresa do setor produtivo nacional recebeu o certificado oficial de Compartimento de Reprodução Livre de Influenza Aviária e da doença de Newcastle.
Na prática, o selo garante que o país continue produzindo e exportando – por meio dessa empresa -, mesmo diante de um surto de gripe aviária. O vice-presidente da ABPA destaca que outras agroindústrias também trabalham para receber o certificado, potencializando o status sanitário da produção avícola nacional.
Também como medida preventiva, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), emitiu em dezembro, alerta sanitário, por tempo indeterminado, para intensificar as ações de defesa destinadas a prevenir a entrada da Influenza Aviária no país.
De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Guilherme Marques, os setores público e privado deverão aplicar medidas mais rígidas de controle dos plantéis. “Nossa maior preocupação são as aves migratórias, que vêm ao país para fugir do inverno no Hemisfério Norte. A produção comercial já tem controles sanitários muito rígidos”, diz.
Vargas também alerta à preocupação quanto produtos e pessoas que eventualmente poderiam ser transmissores da doença. “A ABPA e o MAPA estão engajados no monitoramento das áreas para que consigamos manter o status sanitário”, relata.
América
O primeiro relato de gripe aviária na América foi relatado na quarta-feira (4) pela produtora de frango chilena Agrosuper. O Serviço de Agricultura e Pecuária do Chile confirmou a presença da doença e disse que planeja sacrificar e destruir as aves afetadas e colocar a área em quarentena para prevenir que a doença infecciosa se espalhe.
Ásia
Apesar da origem do surto ainda ser desconhecido, muitos cientistas apostam em países da Ásia e Oriente Médio, como precursor da doença. Temores de um grande surto de gripe aviária na Ásia foram elevados por um número recorde de casos da doença em aves da Coreia do Sul, bem como infecções em aves do Japão.
A China abateu mais de 170 mil aves em quatro províncias desde outubro e fechou alguns mercados de aves vivas após pessoas e aves terem sido infectadas com tipos da gripe. O surto entre aves tem sido do tipo H5N6, outra variedade altamente patogênica da doença.
Um total de 19 pessoas foram infectadas com a gripe aviária na China até agora neste ano, todos com o tipo H7N9, matando ao menos três delas. Apesar da gravidade das notícias que não param de chegar, o Ministério da Agricultura Chinês afirmou que os recentes surtos são controlados de maneira “pontual e efetiva”, sem propagação, portanto, não afetaram os produtos ou preços da carne de frango, no segundo maior consumidor mundial.
Na Coreia do Sul, desde que o primeiro caso de gripe aviária foi reportado em novembro, o país já abateu mais de 12 por cento de seu plantel de aves para conter o avanço do vírus, e decretou alerta máximo da doença pela primeira vez na história do país.
Europa
A cepa H5N8 da gripe aviária atingiu a Europa em outubro de 2016, e desde então tem sido detectada em pelo menos 14 países, incluindo França, Dinamarca e Alemanha, segundo dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês).
A União Europeia e as autoridades nacionais adotaram medidas de proteção urgentes para uma “biossegurança” rigorosa nas explorações agrícolas. Diferente da Ásia, autoridades europeias afiram não haver risco de contaminação em humanos.
Fonte: Notícias Agrícolas (foto: Lucas Scherer/Embrapa/arquivo)