Um dos mais importantes playres globais na produção de soja, o Brasil prepara-se agora para assumir outro importante posto no suprimento de alimentos: fornecedor de grão-de-bico. Pouco popular no país, mas fortemente presente nas culturas árabe e asiática, a leguminosa é a segunda mais consumida no mundo e promete negócios bilionários para o agronegócio brasileiro.
A empreitada teve início na década de 80, mas só ganhou força há cerca de sete anos, quando foram retomados os estudos, conta Warley Marcos Nascimento, chefe-geral da Embrapa Hortaliças. O resultado das pesquisas já pode ser visto na primeira grande safra nacional de grão-de-bico, que terá parte de sua produção embarcada nas próximas semanas para a Índia.
“O grão-de-bico só não é mais consumida que a soja no mundo, mas se levarmos em conta que uma boa parte da produção da soja vai para consumo animal e outros usos, podemos dizer que o grão-de-bico é a leguminosa de maior consumo humano no mundo”, destaca ele.
De acordo com o pesquisador, foram introduzidas espécies novas no país, que tiveram excelente resposta ao nosso clima, com produtividade, inclusive, muito acima da média internacional. “Nossa produtividade média é de 2,5 toneladas por hectare, enquanto que a global é de apenas 900 quilos por hectare. Podemos chegar a 3 toneladas por hectare em pouco tempo”, compara Nascimento.
Para atender à demanda de exportação, foi trabalhado o grão-de-bico tipo Desi, que domina 80% do mercado. No Brasil, o tipo mais consumido é o Kabuli. “A adaptação foi ótima. Uma das grandes vantagens do grão-de-bico é que sua cultura é rústica, utilizando pouca água, e altamente mecanizada. Seu cultivo é mais simples, por exemplo, que o do feião”, argumenta o pesquisador da Embrapa. Ele acrescenta que o preço da leguminosa se mantém praticamente estável há muitos anos, em torno de US$ 1,20 o quilo.
O grande desafio agora é fornecer sementes a todos os interessados e regulamentar defensivos agrícolas para a leguminosa. Por enquanto, são oito os locais de produção assistidos pela Embrapa e universidades públicas, distribuídos pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A colheita, realizada na semana passada, teve a presença do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
As informações foram divulgadas pela assessoria da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).