O veterinário Leonardo Souza, diretor de uma empresa de melhoramento genético, disse para pecuaristas mato-grossenses, durante palestra em Cuiabá, que o maior problema da pecuária nacional é conseguir ganho de peso dos bois sem querer mudar antigos conceitos e técnicas. “Essa mudança é necessária porque o setor vem amargando prejuízos e cada vez menor lucratividade, além disso, depende muito mais de ‘tomada de decisão’, ou seja, de atitude do produtor, do que de investimento financeiro. Para fazer a estação de monta curta de 70 dias, por exemplo, não temos custo significativo, apenas busca de conhecimento técnico para a implantação da nova tecnologia que, aliás, está disponível para todos”.
Ele falou, na Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT), que a proposta de elevar o preço comercial de bois por meio de uma mudança cultural referente ao ciclo de reprodução dos bovinos, que pode ser ‘encurtado’, promovendo maior lucratividade, em menor espaço de tempo. “Nós temos no Brasil o que chamamos de ‘vacas preguiçosas, porque diferente dos Estados Unidos, elas iniciam o ciclo reprodutivo por volta dos 2 ou 3 anos, enquanto que as norte-americanas com 1 ano de idade”, expôs Leonardo, que tem 23 anos de experiência em mais de 50 fazendas nas raças nelore e bonsmara.
Para alcançar a precocidade, é necessário um plano de ação em que vários fatores contam, entre eles, a própria nutrição que precisa ser diferenciada para permitir ao animal acumular mais gordura e assim atingir a maturidade sexual antes. Além disso, Leonardo pontua que se torna primordial realizar a seleção do rebanho a partir de características genéticas necessárias. “O trabalho consiste em eliminar, por meio do abate, aqueles que não possuem os genes necessários, e multiplicar os outros, maximizando a qualidade”.
A maior eficiência também pode ser obtida quando o produtor consegue o ganho de peso necessário para abater os machos mais jovens, enquanto no Brasil, isso ocorre por volta dos 3 anos, nos EUA, com até 2 anos, indicando ganho para se produzir mais com a mesma quantidade de animais. “Mudar esses dois quesitos, que são encurtamento do ciclo reprodutivo e da idade para o abate, vai proporcionar um salto de produtividade no país e em Mato Grosso, mas isso só se faz com tecnologias que permitam a precocidade sexual das fêmeas”.
Diante de uma lucratividade de R$ 30 por hectare e mais de 30% fazendas somando prejuízos, o palestrante avalia que chegou a hora da profissionalização também da pecuária, como aconteceu com a agricultura que em Mato Grosso, que hoje de alta precisão. “Já temos produtores na região de Sinop que descobriram que a integração de lavoura e pecuária multiplicam os resultados de R$ 1 mil a 1,5 mil por ha para mais de R$ 3 mil/ha. A lucratividade espetacular se dá porque o capim – do tipo braquiária – melhora sensivelmente a qualidade do solo para a produção de soja”.
Na avaliação do presidente da entidade, Mario Candia, Mato Grosso é um protagonista nacional e deve ser pioneiro nas mudanças, pois possui um rebanho de aproximadamente 30,3 milhões de animais, dos quais mais de 80% da raça nelore. “Queremos incentivar os produtores a implantar novas tecnologias que propiciem, claro, maior lucratividade, e também mais sustentabilidade para que possamos melhorar cada vez mais a cadeia produtiva da carne no estado, o consumidor sem dúvida é beneficiado com todas essas melhorias”. A informação é da assessoria.