A tensão no mercado financeiro global continua bastante elevada e a semana, mais uma vez, começa com uma generalizada e intensa queda das commodities e dos índices acionários mundo a fora. Entre as agrícolas, quem liderava a baixa no pregão desta segunda-feira (2), pra dar início também ao mês de julho, eram os futuros do açúcar negociados na Bolsa de Nova York. As perdas se aproximavam de 6%.
Nos grãos negociados na Bolsa de Chicago, milho e trigo perdiam mais de 3% e a soja, mais de 1% entre os principais contratos. O petróleo cedia tanto em Londres, quanto em Nova York, enquanto caíam ainda as demais commodities energéticas e metálicas. A prata cedia quase 2%.
Na contramão das commodities, o dólar subia de forma considerável na primeira sessão do segundo semestre de 2018. Os investidores vinham deixando suas posições, mais uma vez, nas commodities, partindo para os ativos mais seguros. Com isso, somente frente ao real, os ganhos chegaram a superar 1% e, ao longo do dia, a moeda americana ficou acima de R$ 3,90. Demais divisas de economias emergentes também recuavam.
“A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China segue no foco dos mercados, apoiando o dólar forte”, trouxe a corretora Rico Investimentos em relatório, segundo noticiou a agência Reuters. A alta do dólar index, no fim da tarde desta segunda-feira, era de quase 0,7% frente a uma cesta de moedas internacionais.
O momento é de muita expectativa no cenário internacional, uma vez que parte das tarifas dos EUA sobre a China, impostas pelo presidente Donald Trump já começam a ter validade nesta sexta-feira, 6 de julho. Assim, com um feriado no meio desse processo – se comemora nesta 4ª, 4 de julho, o feriado do Dia da Independência nos EUA, os traders já buscam se posicionar frente a um novo quadro.
Todo o quadro acaba por intensificar os temores de uma severa ameaça ao crescimento econômico global neste momento, segundo explicam analistas internacionais. “O nervosismo da guerra comercial, o risco político na Europa e a divergência política no mundo todo continuam sendo algumas questões que preocupam os investidores”, dizem os executivos ouvidos pela agência internacional Bloomberg. E a tendência, ainda de acordo com os executivos, é de que esse movimento continue.
“Como se tornou padrão nos últimos tempos, os mercados tinham queda nesta segunda-feira após as últimas declarações sobre tarifas do (presidente dos Estados Unidos) Donald Trump no final de semana, possivelmente para deixar os investidores procurando por sinais de evitar guerra comercial pelo resto da semana”, disse o analista do Spreadex Connor Campbell.
Afinal, como explica o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Mercosul, há muito medo especulativo no mercado. “Política é um tema imprevisível. Só acredito que as negociações possam ser reabertas se Trump decidir se encontrar pessoalmente com Xi Jinping”, explica. “A agressividade deste embate não é modesta. Ambos os líderes possuem um orgulho maior do que seu próprio título. Não voltarão facilmente atrás de suas decisões”, completa.
Na tentativa de buscar alternativas para as últimas medidas de Trumpo, a Câmara do Comércio dos Estados Unidos, nesta segunda-feira, lançou uma campanha para se opor às políticas tarifárias do presidente. Em um comunicado à Reuters, a Câmara – que é o maior grupo empresarial norte-americano e parceiro do Partido Republicano de Trump, disse que “o governo está ameaçando minar o progresso econômico que tanto trabalhou para conseguir. Devemos buscar comércio livre e justo, mas esse não é o caminho certo para isso.”
Já no fim da tarde desta segunda-feira, Donald Trump afirmou, em Washigton, que os EUA estariam bem próximos de acordos comerciais muito justos, porém, sem citar com quais países, segundo uma notícia que parte do Estadão. Nos próximos dias, o presidente americano deverá se encontrar com líderes da União Europeia para discutir suas relações com o bloco econômico.