O pregão desta terça-feira foi de ligeiras perdas aos preços futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Após operar dos dois lados da tabela, as principais posições da commodity encerraram o dia com quedas entre 3,75 e 4,50 pontos. O novembro/17 era cotado a US$ 9,37 por bushel, enquanto o janeiro/18 trabalhava a US$ 9,46 por bushel.
De acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, os preços tiveram um dia de movimentação técnica no mercado internacional. Já no quadro fundamental, o mercado da soja ainda sente a pressão de uma grande safra nos Estados Unidos nesta temporada.
Na semana anterior, o Crop Tour trouxe os primeiros relatos dos campos americanos e indicou a produção em 117,8 milhões de toneladas. O número ficou abaixo do estimado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em seu último boletim de oferta e demanda, de 119 milhões de toneladas.
Além disso, no final da tarde desta segunda-feira, o USDA elevou em 1% o índice de lavouras em boas ou excelentes condições, para 61%. Cerca de 93% das plantações estão em formação de vagens. Na semana passada, o número era de 87%.
“Os abundantes suprimentos globais de grãos e soja continuam a ancorar preços na ausência de notícias de alta para impulsionar os ganhos. Alguns investidores também estão começando a se posicionar antes do feriado da próxima segunda-feira (4) nos Estados Unidos devido ao Dia do Trabalhador”, destacou a Reuters internacional.
Do lado da demanda, o USDA reportou nesta terça-feira nova venda de 198 mil toneladas de soja para a China. O volume deverá ser entregue na temporada 2017/18. “A demanda permanece firme e ainda dá suporte aos preços da oleaginosa”, reforça Brandalizze.
Paralelamente, o Furacão Harvey também continua no radar dos investidores. “Existe alguma preocupação de que o furacão Harvey possa causar preocupações de qualidade em soja e milho na região do Delta”, afirmou Benson Quinn Commodities, ao Agrimoney.
Mercado brasileiro
No caso do mercado brasileiro, o dia foi marcado por ligeiras movimentações nos preços da soja. Conforme levantamento realizado pelo economista André Lopes, em Brasília, a saca subiu 2,56% e fechou o dia a R$ 60. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), a alta ficou em 2,41% e a saca a R$ 59,40.
No Porto de Imbituba (SC), a saca disponível subiu 1,45% e finalizou a terça-feira a R$ 70,00. No Paraná, nas praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, o ganho ficou em 0,88%, com a saca a R$ 57,50, R$ 57 e R$ 57,50, respectivamente.
Ainda segundo o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os produtores brasileiros ainda poderão ter oportunidades de negociar a soja com as especulações trazidas pelo clima e o início do plantio na América do Sul. O mercado deverá focar esses fatores a partir do mês de outubro, após a colheita norte-americana.
A moeda norte-americana encerrou a terça-feira com ligeira alta, de 0,03%, negociada a R$ 3,1632 na venda. Os investidores aguardam as votações no Congresso Nacional das novas metas fiscais e dos destaques à medida provisória que cria a Taxa de Longo Prazo (TLP) e com a redução da aversão ao risco após novo episódio de tensão geopolítica, conforme destacou a Reuters.
“Temos uma combinação de cautela com o exterior e também com as votações internas, que não estão em condições normais”, afirmou o analista-chefe da empresa de investimentos Rico, Roberto Indech, em entrevista à Reuters.