Em dezembro, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) atualizou o “funding” da safra 2017/18 de soja no Estado. O relatório aponta recuo uso de recursos próprios na ordem de 14 pontos percentuais, agora representando 19% do financiamento. Em contrapartida o uso de recursos de multinacionais teve alta de 11 pontos percentuais, elevando-se para 35% do total e passando a ser a principal fonte de financiamento.
Outro ponto revelado pelo instituto foi a inversão da participação de recursos federais para recursos do sistema financeiro. A principal justificativa para esta mudança deve-se, principalmente, “aos reflexos da quebra da safra de soja e milho em 2016, aliada aos preços de soja e milho abaixo do esperado em 2017 devido à maior oferta, que refletiu sobre o bolso do produtor”. Junto a isso, segundo os especialistas, está o “aumento do custo de produção na safra 2016/17, diminuindo a margem de rentabilidade, fazendo com que houvesse maior procura por meios de financiamento do custeio através de outros agentes na safra atual”.
Segundo o Imea, o funding, além de definir a participação de cada agente no mercado, possibilita estimar o volume de recursos aplicados por cada um no custeio da safra 2017/18, que foi de R$ 18,66 bilhões. Com a diminuição do uso de recursos próprios do produtor, as multinacionais e revendas tiveram como “abocanhar” essa fatia do mercado. Estes dois segmentos, juntos, representaram 52% do custeio total do Estado.
Pela primeira vez na série histórica do Imea, a troca teve a maior participação no custeio da soja, “devido à descapitalização do produtor rural, que precisou buscar nas operações de ‘barter’ mais da metade dos recursos necessários para completar o custeio agrícola”. O cenário, conforme o instituto, é semelhante ao da safra 2007/08, “em que o produtor encontrava-se descapitalizado, devido a dificuldades passadas com outras safras, tendo que recorrer ao mercado, a fim de levantar recursos para o financiamento da safra”.
Ainda de acordo com o instituto, os produtores utilizaram R$ 3,4 bilhões de recursos próprios na safra 2017/18; R$ 6,5 bilhões de multinacionais; R$ 3,1 bilhões de revendas; R$ 2,8 bilhões do sistema financeiro; e R$ 2,5 bilhões de bancos com recursos federais.