A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que o Brasil pode colher até 278,7 milhões de toneladas de grãos na safra 2020/2021. O volume é 8% acima do que o país produziu na safra 2019/2020. A estimativa foi divulgada na publicação Perspectivas para a Agropecuária – Edição Grãos (Volume 8), divulgada nesta terça-feira pela estatal.
O documento retrata as expectativas de produção, com base em dados da lavoura, previsões de clima e imagem de satélites, em lavouras de 15 grãos, especialmente soja, milho, arroz, feijão e algodão, que somadas equivalem a 95% da produção de grãos do país.
Conforme a publicação, as colheitas de soja devem render 133,5 milhões de toneladas. O milho deve atingir 112,9 milhões de toneladas. O arroz deverá ter uma colheita de 11,98 milhões; e o feijão, mais de 3,04 milhões. A safra de algodão deverá ser de 2,55 milhões de toneladas de pluma.
Além das técnicas de manejo agrícola e das condicionantes impostas pelo clima e pelo meio ambiente que favorecem a produtividade, o desempenho de cada lavoura guarda relação com o mercado de grãos. No caso da soja, por exemplo, o aumento da produção “reflete a expectativa de que continue boa sua rentabilidade.”
“Os preços do grão devem se manter elevados, alavancados pela valorização do dólar e pela boa demanda internacional”, diz nota da Conab que repara na queda de produção da Argentina, concorrente do Brasil nas exportações de soja.
Além do mercado externo, a produção de soja é estimulada internamente pelo aumento da proporção de biodiesel misturado no diesel comercializado no Brasil – de 12% para 13% – e pelo consumo para alimentação do gado de corte, em expansão por causa de “um bom ritmo de produção de carnes”, assinala a companhia.
A ração dos bovinos e o dólar sobrevalorizado também ampliam a demanda por milho, que deverá ter crescimento de 7% na área de plantio nas três safras que ocorrem em 2020 e 2021.
O desempenho da soja e do milho compensam outros resultados. A Conab indica que deverá haver queda de 4% na produtividade tanto no arroz quanto no feijão. O percentual comum é a razão entre a extensão da área plantada e o volume de grãos produzidos.
Entre os cinco principais grãos, o pior resultado é do algodão, que afetado pela covid-19 terá colheita 12% menor na safra 2020/2021 do que da safra 2019/2020. “O mercado de algodão tem sido fortemente atingido pela pandemia, o que desestimula o plantio. O prognóstico da Conab é de redução de 11% da área e de 2% da produtividade na safra” diz a companhia.
Apesar do revés no algodão, o Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário “deverá ter um crescimento de 1,5% em 2020”. Isso porque “os segmentos da lavoura com maior peso no cálculo do PIB já tinham finalizado o plantio no período da pandemia, o que contribuiu para a manutenção da estimativa do valor agregado do componente para o ano”, assinala a publicação.
O documento informa ainda que “as lavouras intensivas em mão de obra, como a laranja e o café, que sinalizaram certa preocupação na contratação sazonal no início da colheita, não sofreram impacto significativo da covid-19”.
A produção do setor agropecuário, que reúne as atividades primárias de colheita e de criação de gado, compõe o PIB do agronegócio que também considera a produção de insumos (como fertilizantes e defensivos ou agrotóxicos), a agroindústria (como frigoríferos e usinas de cana-de-açúcar) e os agrosserviços (como transporte, veterinária e engenharia agrônoma).