A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) intensificou as ações para ajudar os produtores de aves e suínos a minimizarem os impactos da crise. Além da queda brusca dos preços e da alta dos custos de produção, o setor terá de buscar soluções para a suspensão da compra da carne de frango pela União Europeia.
“É uma situação muito crítica e preocupante. A CNA está agindo de várias formas pra tentar minimizar esse impacto ao produtor. Não bastasse a baixa dos preços e a alta dos custos de produção, em função da alta do milho e do farelo de soja, tivemos o fechamento do mercado europeu para as carnes de aves brasileiras, que vai impactar bastante”, explica o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.
Na última semana, com a atuação da CNA, vieram duas importantes medidas. Em uma delas, o Banco do Brasil prorrogou parcelas de contratos de custeio e investimento, tanto as já vencidas quanto aquelas com vencimento neste ano. A outra é a realização de leilões para escoar o milho, principal item da alimentação de aves e suínos, a preços mais acessíveis para regiões produtoras.
“Não vamos deixar o produtor desamparado neste momento. São medidas que vão trazer um pouco de alívio, mas estamos dialogando com o governo para obter mais medidas, como adequação no programa de venda balcão da CONAB e leilões de VEP”, ressalta Lucchi.
O cumprimento dos contratos de integração é uma das prioridades da CNA, que vai se reunir nas próximas semanas com entidades setoriais dos dois segmentos para discutir alternativas para evitar mais prejuízos a produtores e indústrias. Segundo superintendente, há relatos de produtores de que algumas empresas não estão cumprindo as cláusulas de pagamento quando não há alojamento de aves.
“Pelo contrato, se eu não alojar nenhuma ave, a empresa integradora deveria custear pelo menos um percentual do custeio dessa granja e pagar um saldo mínimo para o produtor manter uma remuneração mínima no período em que ele não vai alojar nenhum animal em função do excesso de oferta. Em algumas regiões isso não tem acontecido”, justifica.
Neste contexto, Lucchi, orienta os produtores rurais a negociarem seus contratos no âmbito das Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) e que procurem federações, sindicatos e a CNA, que possui consultoria especializada em contratos de integração.
Em relação ao embargo imposto pela União Europeia, o superintendente espera ações firmes do governo para manter a boa imagem da carne brasileira no exterior, e assim impedir que outros mercados sigam a decisão tomada pelos europeus.
“Não foi uma barreira sanitária. É uma desculpa que a UE tem utilizado para manchar a imagem do Brasil, que é o maior exportador de carne de frango do mundo. Então que se haja uma atuação firme do governo, que entre na OMC, até mesmo retaliando a UE em outros produtos”.