Os preços da soja praticados na Bolsa de Chicago fecharam o pregão desta quinta-feira (12) com altas de quase 30 pontos entre os principais contratos depois da divulgação dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Assim, o janeiro/17 encerrou o dia com US$ 10,32 por bushel, enquanto o maio/17 foi a US$ 10,49.
O órgão parece ter deixado o conservadorismo, ao menos para esse primeiro reporte de 2017, no ano passado e deu fôlego para as cotações, já que os ajustes, como foram apresentados não vinham sendo esperados. No entanto, o economista da Apexsim Inteligência e Mercado, Filipe Dawson, acredita que o impacto dessas mudanças possa ser pontual. “Isso foi reflexo de um efeito psicológico, especulativo, gráfico”.
As estimativas indicaram uma baixa na produção de soja do país de 118,69 milhões para 117,22 milhões de toneladas, uma vez que a produtividade e a as áreas plantada e colhida também foram revisadas para baixo. Assim, os estoques também foram projetados com números menores do que os de dezembro, de 13,06 milhões de toneladas, em 11,43 milhões. A produção e os estoques ficaram abaixo das expectativas do mercado.
Do lado da demanda, porém, manutenção em quase todos os números. As exportações dos EUA foram mantidas em 55,79 milhões de toneladas e o esmagamento da oleaginosa em 52,53 milhões. Para Dawson, esse foi um ponto de atenção e estranhamento no boletim frente ao ritmo acelerado que as vendas e embarques norte-americanos têm apresentado, apesar de duase semanas mais fracas de vendas, com a demanda começando a se voltar mais para a América do Sul.
Na semana encerrada em 5 de janeiro, o país vendeu 291,9 mil toneladas da oleaginosa, contabilizando as operações das safras 2016/17 e 2017/18. Foram 348,9 mil toneladas da safra atual e canceladas 57 mil da próxima. O mercado apostava em algo entre 500 mil e 800 mil toneladas.
Apesar dos volumes mais fracos das últimas semanas, o total de vendas acumuladas pelos EUA na temporada é elevado e já chega a 48.321,5 milhões de toneladas, contra 37.9494,8 milhões de toneladas do mesmo período da safra anterior. Do total estimado pelo USDA, já há, portanto, 86,61% comprometidos.
Além do boletim mensal de oferta, o USDA trouxe, ainda nesta quinta-feira, o reporte de estoques trimestrais de grãos dos EUA e também apresentou números mais baixos do que a expectativa média do mercado, contribuindo para o avanço das cotações na CBOT. De acordo com o reporte, os estoques de soja são de 78,93 milhões de toneladas. O número apresenta um aumento de 75 em relação a 1º de dezembro de 2015, porém, fica abaixo da média das projeções dos traders, que era de 80,31 milhões de toneladas. As expectativas variavam de 75,8 a 84,89 milhões de toneladas.
América do Sul
Os números da América do Sul eram bastante aguardados pelo mercado, porém, não surpreenderam tanto. A projeção da safra brasileira veio em 104 milhões de toneladas, em linha com o último número da Conab de 103,8 milhões de toneladas. “Mesmo com oaumento na projeção de volume exportado os estoques finais brasileiros deverão ficar cerca de 5% acima do projetado no mês anterior pelo USDA”, pontuou o Apexsim.
Para a Argentina, poucas mudanças. Mesmo com os problemas climáticos que o país enfrenta e com instituições locais já indicando perdas de até 5 milhões de toneladas na safra 2016/17, a estimativa do USDA foi mantida em 57 milhões de toneladas.
Mercado Brasileiro
No Brasil, porém, o impacto das altas em Chicago foi limitado e, nos portos, os preços cederam novamente nesta quinta-feira, com exceção do futuro em Paranaguá, com alta de 0,67% e R$ 75,00 por saca. No interior, a maior parte das principais praças de comercialização encerraram o dia com estabilidade.
O dólar, afinal, voltou a recuar frente ao real. A moeda americana fechou com baixa de 0,50% e valendo R$ 3,1756. Na mínima do dia, a divisa chegou aos R$ 3,15.
Fonte: Notícias Agrícolas