A sessão desta quarta-feira (30) foi de baixas intensas para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. As posições mais importantes perderam de 9,50 a 13,75 pontos, com o julho/17 encerrando o dia a US$ 9,12 por bushel e o novembro/17, referência para a safra americana, com US$ 9,16.
Segundo explica o vice-presidente da Price Futures Group, de Chicago, Jack Scoville, o movimento intenso de vendas de posições no mercado internacional se deu em função de melhores condições de clima no Meio-Oeste americano. As chuvas do final de semana foram menos intensas e as temperaturas melhoraram, o que indica um cenário mais favorável para o desenvolvimento dos trabalhos de campo.
Além disso, a possibilidade de uma migração de área do milho para a soja também pesa sobre os preços e as especulações sobre essa possibilidade ganha cada vez mais força diante de uma janela já fechada para a semeadura do cereal nos EUA. “Se o produtor acha que não pode ganhar dinheiro com o milho, vê possibilidade de mudar para a soja”, explica Scoville.
Com a evolução melhor para a oleaginosa do que para o milho nos EUA, o analista acredita que, durante a colheita, os preços em Chicago até poderiam testar preços mais baixos, na casa dos US$ 9,00 por bushel ou até menos do que isso. No entanto, afirma ainda que a soja não tem muito espaço para se manter em patamares nesses níveis em função de uma demanda ainda aquecida pelo produto americano.
Nesta terça-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma nova venda de 130 mil toneladas da safra 2016/17, além de indicar, em seu reporte semanal, embarques dentro das expectativas do mercado com mais de 300 mil toneladas na semana encerrada em 25 de maio.
“Estamos vendendo soja. Brasil vende um pouco, Argentina menos, e aqui (nos EUA) estamos vendendo bem. Nosso problema com demanda é só no mercado interno, com menor demanda por farelo. Já para exportação, é maior do que esperam o USDA e a bolsa (de Chicago). E os números podem crescer nos próximos relatórios do USDA”, relata o executivo. “E os especuladores deviam pensar um pouco mais nisso, porque a demanda está muito boa”, completa. E neste momento, os EUA são mais competitivos do que Brasil e Argentina.
Mercado Brasileiro
Os preços da soja no Brasil acompanharam as perdas em Chicago e cederam no interior e nos portos do país. Nas principais praças de comercializaçao, as baixas foram de até 2,24%, como foi o caso de Ponta Grossa, no Paraná, para R$ 65,50 por saca. As referências voltam a perder força e ficam entre R$ 50 e R$ 65 por saca nas regiões produtoras.
Já nos portos, a soja disponível terminou o dia com R$ 67,50 por saca tanto em Rio Grande, quanto em Paranaguá. Em Santos, R$ 68,60 e em Imbituba, R$ 67 por saca foi o último preço desta terça-feira. A pressão, afinal, não veio só de Chicago, mas também do dólar em queda frente ao real.
A moeda americana terminou os negócios com R$ 3,2726, perdendo 0,23%, depois de bater em R$ 3,2554 na mínima do dia. O futuro da cena política no Brasil, tal qual o das reformas – da Previdência e Trabalhista – está no foco dos negócios e ainda traz incerteza e insegurança aos investidores.
“O pior cenário é o presidente ficar sangrando no cargo”, destacou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin à agência de notícias Reuters.
“Para o produtor brasileiro é importante vender, mas os problemas na política do Brasil querem dizer que o produtor vai, mais provavelmente, manter parte de sua safra como um banco. Sinto que o produtor está interessado em vender, mais precisa de reais por cada tonelada vendida e agora é difícil conseguir isso”, diz Jack Scoville, explicando que a comercialização nacional ainda pode caminhar em um ritmo mais lento nesses próximos dias.