O município de Lucas do Rio Verde tem como base econômica a agricultura com sua elevada produção de milho e soja, mas quem também vem ganhando cada vez mais espaço no mercado é a avicultura, com uma maior oferta e custos mais baixos na produção animal. O assunto foi tema de palestras e discussões durante o Show Safra BR-163, realizado esta semana na Fundação Rio Verde.
Hoje, mais de 300 mil aves são abatidas por dia, segundo a Unidade Industrial da BRF e mais de 113 milhões de aves produzidas por ano só nos municípios da região de Lucas do Rio Verde, Tapurah, Ipiranga do Norte e Sorriso, segundo a Associação de Produtores de Proteína Animal (APPA).
Segundo o especialista agropecuário em manejo e ambiência em frangos de corte da BRF, Rafael Castro, a região enfrenta alguns desafios neste mercado, que está cada vez mais exigente e com alta produção. “O maior desafio é o ambiente dessa criação. As estações são muito marcadas por chuva [excesso de umidade] e seca [amplitude térmica e poeira] intensas e isso modifica muito a forma de como o animal interage com o ambiente”, aponta Castro.
O especialista explica que há diferenças em cada fase de produção do animal. A forma como o pintinho interage com o calor, por exemplo, é diferente de um frango adulto, que já está empenado, protegido contra ventos e outras situações. “Em fase inicial, os cuidados que precisam ser tomados envolvem a oscilação de temperatura, há uma provável perda de performance quando, num mesmo dia, chove e faz muito calor”, afirma Rafael, que complementa explicando que na fase adulta o grande ponto é retirar todo o calor que está sendo gerado pelos animais na insolação e com isso fazer com que ele consiga se alimentar, ter bem-estar e atinja os indicadores esperados.
Existem catalogadas, atualmente, mais de 2 mil espécies de salmonela, bactéria que causa infecção alimentar quando se encontra presente nos frangos. Marcos Dae Pra, consultor técnico corporativo da BRF, ressalta que o índice está controlado, com números muito baixos, compatíveis com países de primeiro mundo. “As exigências são de salmonela zero e isso é praticamente impossível de se conseguir, mas trabalhamos com dados baixíssimos e que garantem a qualidade do produto que comercializamos”, acrescenta Dae Pra.
O controle da bactéria é baseado na blindagem dos plantéis de aves dos produtores, com práticas e procedimentos que reduzem a contaminação. “Os aviários possuem o que chamamos de cerca de bioseguridade, na qual o produtor toma o cuidado de não trazer a salmonela [ que está disseminada no ambiente] para dentro dessas instalações. Entra então a questão de uma barreira sanitária, para entrar no local é preciso tomar banho, trocar toda a roupa e calçado, a salmonela fica do lado de fora e os plantéis não vão se contaminar”, encerra o consultor.
O diretor da Fundação Rio Verde, Rodrigo Pasqualli, destaca a importância da abordagem do tema para a feira. “A ideia desta edição do Show Safra é ser representativo em todas as cadeias produtivas. Hoje não é só a agricultura que faz a economia do município, nós temos a produção de proteína animal, tão expressiva quanto, por isso trouxemos discussões sobre avicultura, suinocultura e bovinocultura também”, finaliza Pasqualli.