A produção brasileira de grãos, proteínas e fibras a base de carbono chega ao “coração” dos mercados voluntários de carbono, com uma nova cara. Esse foi um dos assuntos debatidos no “Negócios Responsáveis EUA”, em Nova Iorque, com a participação do diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Nathan Belusso, da gerente de Sustentabilidade da entidade, Marlene Lima e do representante do Instituto Ação Verde, consultor Éder Zanetti.
Outro assunto debatido no evento foi a narrativa da destruição associada ao uso antropogênico da terra, tem suas origens na atividade constante de agentes interessados no comércio internacional de créditos de carbono. De acordo com o consultor Éder Zanetti, não é simplesmente construir uma nova narrativa que vai viver a produção brasileira. “Precisamos antes de uma estratégia global de ação, para garantir o papel de destaque que o Brasil ao longo do século XXI, no combate às mudanças climáticas globais.
Segundo dados apresentados no evento, o Produto Interno Bruto (PIB) é de US$ 1,6 Tri e emite cerca de 400M tCO2e / ano, o mesmo resultado que o Brasil apresentou em 2020, fazendo com que este seja um mercado que tem tamanho igual a todo o nosso País. O Estado tem legislação voltada para a aquisição de CDU – RUCA e CDR – RCA, produtos à base de carbono que podem ser vendidos para reduzir o total de emissões Gases de Efeito Estufa (GEE), o que por si só já representa um modelo para o Brasil seguir.
“A produção brasileira participa pela primeira vez em um evento como esse, é um marco para todos produtores rurais. “Como já aconteceu na COP26, emerge um novo Brasil, apresentado para os negócios como uma solução para as mudanças climáticas, através da sua capacidade de promover o cultivo antropogênico da terra da maneira mais sustentável existente no planeta”, declarou Zanetti.
A gerente de Sustentabilidade da Aprosoja, Marlene Lima, avalia que tornar o cultivo antropológico da terra de forma mais sustentável é preciso traçar um paralelo entre a legislação do governo de Nova Iorque e o Brasil, criando um sistema de regulamentação que possa ser aceito em ambos os países. “Nossas exportações de produtos à base de carbono não são representativas, mas podemos aumentar isso em muito, com um programa conjunto de ação, um modelo para o mundo desenvolvido. A soja brasileira, por exemplo, pode produzir óleo de soja com carbono estocado, e cada litro do produto nacional que chega aos mercados internacionais pode ter 1kgCO2e associado, isso faz com que sejam reduzidas emissões GEE do comprador”, enfatizou.
“Os produtos rurais são ferramentas poderosas no combate às mudanças climáticas através do seu trabalho de preservação e cultivo responsável nos solos brasileiros. Estamos buscando mostrar esse trabalho sustentável ao mundo e assim desconstruir as narrativas criadas contra o setor agrícola. Ao mesmo tempo existe uma janela de oportunidade, onde podemos quantificar e remunerar todo esse trabalho sustentável através de produtos à base de carbono. Algumas ações feitas pelo governo de Nova Iorque podem nos auxiliar nesse objetivo, uma parceria que observamos com bons olhos.”, acrescentou Belusso.
A informação é da assessoria.