APERTEM OS CINTOS, O GOVERNO SUMIU!
Por Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho*
Analisar a conjuntura de Mato Grosso, parafraseando a famosa comédia cinematográfica da década de 80 (Apertem os cintos, o piloto sumiu [Airplane!], com o ator Leslie Nielsen) talvez não seja a melhor idéia pra retratar o momento. É que a situação impõe que reconheçamos que (o momento) seria cômico se não fosse trágico.
Justifiquemos.
Sua Excelência (o governador) visita fazendas e garimpos na região norte do Estado (divisa com o Pará), “vistoria” obras federais, enquanto a população está jogada à mercê, o Estado em situação de sucateamento, servidores em greve e rombos financeiros ainda inexplicados (fraude na aquisição dos caminhões, farra dos precatórios, doações de áreas públicas a particulares etc.).
É triste!
Do nosso parlamento, bancada federal incluída, nada a esperar, a não ser discursos demagógicos divorciados da realidade, beirando a teatralidade e a folcloricidade. Deputados federais e estaduais (e os nossos senadores) não passariam por um ‘teste de qualidade do CQC’ (programa humorístico de televisão que ridiculariza políticos).
Nossos ‘representantes’ nada dizem decentemente sobre o caos nas principais cidades do Estado (trânsito e rodovias), a greve da Polícia Civil, dos servidores do Detran, entre outras categorias. Nada têm a declarar sobre a tragédia que se avizinha: a provável perda de obras da Copa do Mundo.
Então o povo está só. Apertemos os cintos!
Os políticos só falam da próxima eleição, ou viajam, como forma de fugir dos compromissos.
A tarefa de criar e equipar uma Controladoria Geral do Estado para combater a corrupção, nos moldes da CGU (Controladoria Geral da União) é só promessa, a lei não sai do papel. Combater a corrupção nas entranhas da Administração ainda não é premissa assumida pelo governo estadual.
A relação com os policiais em greve, ‘endurecendo’ a negociação para obrigar a volta ao trabalho se revela uma atitude irresponsável (com conseqüências futuras), porque teremos mais do mesmo: policiais insatisfeitos e desmotivados. Alguns (maus policiais) até continuarão ‘trocando de lado’ (agindo fora da lei, ao lado de bandidos).
Assaltos à luz do dia, inclusive em escolas (pondo em risco a integridade física de crianças e professores) como têm acontecido todos os dias, explosão em caixas eletrônicos, tiroteio próximo à residência do Governador, tudo será transformado em rotina.
Mas até quando o povo (passageiros) resiste a um vôo (mandato) sem piloto (governo)?
*Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) em Mato Grosso