sábado, 7/setembro/2024
PUBLICIDADE

A volta da inflação

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

O IPCA acumulado dos últimos doze meses atingiu em abril a marca de 6,51%, ultrapassando, assim, o limite máximo da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central para 2011, que é de 4,5%, com variação de dois pontos percentuais para cima ou baixo. Notícias publicadas pela grande imprensa nacional deixam claro que o governo, de fato, perdeu o controle da inflação e está à deriva, a ponto do Ministro Mantega defender, como se possível fosse, uma inflação alta e controlada.  Ao sinalizar, em audiência no Senado, que a nova meta tolerável de inflação é o limite máximo da meta estabelecida pelo BC para 2011, ou seja, IPCA de 6,5%, quando o lógico seria trabalhar para que o referido índice retornasse para o centro da meta, que é 4,5%, o Ministro da Fazenda demonstrou cabalmente que já jogou a toalha, aceitando que não há mais como controlar a inflação neste ano. O seu objetivo agora é não deixar que os preços ultrapassem o limite máximo de 6,5%. 

A tolerância do Ministro pode custar caro, pois não leva em consideração que a inflação de hoje passa a ser a referência dos reajustes dos preços de amanhã, mormente numa economia indexada como a brasileira.  Logo, se a inflação de 2011 atingir 6,5%, esse índice reajustará todos os contratos e, automaticamente, passará a ser o centro da meta para 2012, e assim, sucessivamente. Veremos retornar a espiral inflacionária crescente, fantasma que assombrou a economia brasileira no passado.

O mais preocupante é que o Ministro tem dado demonstrações claras de não saber o que fazer para reduzir os preços. As medidas que ele anuncia constantemente: estímulo ao aumento da produção agrícola de alimentos; a desoneração dos investimentos; a redução dos gastos públicos e aumento da tributação para controlar a entrada de capitais estrangeiros, são medidas genéricas e desconexas, que não guardam entre si nenhuma sinergia com um eficaz plano de combate ao aumento dos preços. 

Por não saber o que fazer, o Governo está agindo como o marido que pegou a mulher transando com o vizinho no sofá da sala e tomou uma decisão drástica. Vendeu o sofá para resolver o problema. Quer desindexar a economia.
A proposta, segundo declarou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcio Holland é estimular a sociedade a trocar os indexadores dos contratos, que colaboram com o aumento do IPCA – índice oficial de inflação e que baliza a política do Banco Central. É a volta da velha forma heterodoxa de tentar expurgar dos índices aqueles preços que sobem sazonalmente. Isso já foi tentado e não deu resultado.
Não me surpreenderia se brevemente fossem propostas aquelas velhas políticas de tão triste lembrança: congelamento dos preços, tablita, troca de moeda de real para real novo, etc.

Waldir Serafim é economista em Mato Grosso
[email protected]

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

É possível continuar caminhando

Tudo nesta vida precisa ser muito elaborado, pois é...

Viver no par ou no ímpar

No mundo da realização só tem espaço para aqueles...

Um Alfa de si mesmo!

A mente humana é a fonte de poder mais...

O nosso interior nos faz prisioneiros

Temos duas histórias, a visível e a invisível, uma...