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Educação e Poder

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Nós, profissionais da educação do estado de Mato Grosso, estamos prestes a vivenciar algo inédito na história da educação no país: A eleição direta para Assessores Pedagógicos dos municípios do estado.
Este feito não é uma conquista de agora, talvez haja alguém na educação do estado que não vivenciou ou não se lembra, mas é uma das conquistas da década de 90, quando conseguimos a eleição direta para diretores, a eleição entre o grupo de professores da unidade escolar para os coordenadores. Jornada de 30 horas sem a obrigatoriedade de contra-turno. A Lei Orgânica dos Profissionais da Educação Básica. Parece mentira, mas uma luta do SINTEP .
Antes, tínhamos uma gestão escolar completamente partidária e autoritária. Os cargos vagos de profissionais da educação eram preenchidos por meio de bilhetes de governador, deputados, prefeitos e, até mesmo, vereadores. Tudo indicado! A lei era burlada. Só existia para aqueles que não pertenciam ao partido político que estava no poder.

Nesse momento, em que seremos chamados a escolher o nosso Assessor Pedagógico, é o momento em que devemos refletir sobre a gestão pública. Se for um professor, como é seu desempenho acadêmico e a sua relação interpessoal dentro da unidade escolar em que trabalha? Se já é ou foi um Assessor, como é ou foi a sua gestão? Foi uma gestão compartilhada com a comunidade educativa do município? Ou foi uma gestão desenvolvida por circulares que ferem LOPEB impedindo a jornada dos educadores com acúmulo de cargo? Apesar de muitos serem contra, é garantindo na Constituição Brasileira.

Muitas pessoas sentem-se poderosas quando assumem cargos de chefia. Esquecem que o poder é transitório. Não se diz, estou diretor, estou coordenador, estou assessor, mas sou diretor, sou coordenador ou sou assessor. Esquecendo- se de duas coisas: há uma grande diferença entre estar e ser e representam seus colegas de profissão, profissionais do ensino, são, na verdade, meros professores, como aqueles que estão na sala de aula. Isso é um tanto perigoso! O poder corrompe o lado humano e o ser se degrada e acaba com todos que estão ao seu redor.

Quando se diz em poder na gestão pública, parece ser cabível uma alusão à famosa fábula de George Orwell, que apesar de ser uma crítica ao totalitarismo que fora posto em prática por Stálin, cujos personagens são representados por Major como Lênin, Bola-de-Neve como Trotsky e Napoleão como Stálin, pode retratar o contexto da gestão pública. Assim, cabem a nós alguns questionamentos. O que tem a fábula em comum com a gestão pública? Talvez a sede pelo poder levando as pessoas se esquecerem do essencial, o bem comum. No caso da educação, o bem comum de cada comunidade escolar que tem seu contexto histórico, social e cultural.

Na fábula, quando Mayor morre, Bola-de-Neve é escorraçado por Napoleão, começando assim uma gestão que visava o bem comum apenas daqueles que estavam no poder: os porcos. Estes, por suas vez, adestraram os cachorros para coagir as vozes que lutavam pelos ideais da revolução, igualdade para todos. As leis criadas para regulamentar o bem comum da Granja dos Bichos foram substituídas por outras que atendessem a interesses particulares. Os outros animais viraram escravos, o que é pior, foram enganados, pois, quando fizeram a revolução, confiaram o poder aos porcos.
Nesse momento de escolha de chefia municipal para conduzir a educação da rede estadual de ensino em cada município, temos que estar atentos a tudo, para não sermos vilões da famosa frase de "A Revolução dos Bichos"
"Todos animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros!" George Orwell

Veralucia Guimarães de Souza – professora da Rede estadual de Ensino desde 1987. Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade de Brasília.
[email protected]

 

 

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