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A libertação da justiça!

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Li esta semana um artigo de um desses advogados que mandam recados apócrifos a determinado e específico magistrado, tentando intimidá-lo. Não cito o nome do advogado para não dar audiência a esse tipo de gente.
O nefelibata defendeu a tese de que a justiça não deve servir aos interesses nem dos ricos e nem dos pobres, deveria ser imparcial neste aspecto. Gostaria de saber em que planeta vive esse personagem saído de algum conto,
de Lima Barreto a Kafka. O agora desembargador federal Fausto Martin De Sanctis, que estava à frente, quando magistrado de primeira instância, de ações importantes contra os bandidos do colarinho branco como a "Castelo de Areia" e "Satiagraha", e, que bem poderia ser um desses juízes destinatários ocultos da mensagem enviada pelo "Doutor", embora essa última tenha sido claramente endereçada a primeira vara federal de Mato Grosso, o desembargador, em recentíssima entrevista concedida à folha de São Paulo, disse, com muita propriedade, que
o sistema criminal brasileiro trata diferentemente ricos e pobres. E isso só não vê quem não quer, caso óbvio do advogado míope que só enxerga com os seus óculos "Dolce & Gabbana" comprados com dinheiro de honorários
pagos pelos comendadores de Mato Grosso. Coitado, eu sinto pena.

E pergunto: por que o juiz, responsável último pela distribuição da justiça, deveria tratar os ricos e os pobres de forma igualitária, se o próprio sistema já beneficia sobejamente os ricos? A forma libertadora como vem decidindo o magistrado Julier Sebastião da
Silva, e que só nos orgulha, responde um pouco essa questão. E não se trata de nenhuma teoria da libertação judicial, mas sim da libertação da justiça
de seus centenários grilhões econômicos, grilhões colocados pelos mesmos barões que pagam os altíssimos cachês aos astros da empulhação das tribunas teatrais do judiciário brasileiro. Que os palhaços, defensores dos mais abastados, armem o seu circo e façam graça para o seu respeitável público de toga, vá lá… Mas que a graça fique restrita aos seus picadeiros judicializados.
Não venham, esses artistas da hermenêutica jurídica, trazer o espetáculo, de encenação barata, para dentro do seio da sociedade, tentando fazer-nos crer
que, como nas tribunas, a vida é apenas o que consta dos autos. E arte por arte, quando o tema é Justiça, prefiro a do artista plástico Jonas Corrêa, com sua deusa Têmis colocada em plena praça da República, no centro de nossa
Capital, de forma a clamar para todos nós que temos muito pouco a comemorar neste 8 de abril.

E é sempre mais do mesmo, quando esses "adevogados" não estão defendendo os "fichas sujas", estão atacando o direito do ministério público realizar investigação; quando não estão atuando em nome dos banqueiros, estão
criticando as reformas que suprimem as inúmeras e infindáveis instâncias recursais; quando não estão acudindo os grileiros e desmatadores, estão a
propor as alterações do código florestal para anistiá-los; quando não estão amparando os atos racistas e homofóbicos perpetrados por estranhas criaturas, estão criando artifícios jurídicos para livrá-los das barras da
lei. Eles me lembram Cazuza: "Transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro."
Pois que continuem ganhando seus jogos no tapetão, tapetões esses, que acariciam os seus solados de cromo alemão, em ambiente refrigerado bem apropriado às suas volumosas vestes. Mas deixem-nos, ao menos, jogar o jogo,
viver o calor da realidade nua e crua da justiça aplicada de forma mais favorável aos pobres e não tentem nos tirar a percepção de que tem muita coisa errada e que precisamos lutar muito ainda para libertar a justiça
brasileira do poder econômico que a enclausura.

Adamastor Martins de Oliveira – cidadão de Mato Grosso

 

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