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Final de ano, de governo e de década

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Para quem imagina que o tempo e a história transcorrem aos saltos e não de forma linear, o final de cada ano tem muito de mágico, de inexplicável e de forma semelhante, além dos eternos e constantes balanços dos fatos que ocorreram e que marcaram "época" também é o momento de serem feitos novos planos pessoais, familiares e coletivos.
É importante que cada pessoa possa estar consciente de que seus planos dependem dos planos de milhões de outras pessoas, dos planos das organizações, das comunidades, dos países e mesmo do mundo todo. Nada existe isoladamente, tudo está interconectado neste planeta terra. O que acontece em um determinado setor ou local pode afetar de forma positiva ou negativa os demais setores e as pessoa também.

Mas, independente disto tudo, é importante termos a capacidade de reflexão e podermos pensar no futuro de forma positiva, identificando os desafios que não foram superados no ano que se finda e recolocar esses e tantos outros desafios para o próximo ano ou próximo período governamental ou próxima década que se inicia dentro de poucas horas.

No caso brasileiro, além de estar sendo encerrado mais um ano, também esta sendo encerrada uma década marcada por altos índices de crescimento econômico nacional e internacional, o fim de um governo populista (um tanto demagógico) e carismático, mas que terá continuidade com as mesmas forças e partidos no poder.
Se durante oito anos Lula culpou as elites e a herança maldita deixada por FHC, agora sua sucessora e criatura, a Presidente Dilma, não terá a quem culpar pelas condições que encontrar na administração publica brasileira.
Afinal, o seu partido, o PT, continuará sendo o partido hegemônico no bloco de poder e terá o apoio e a docilidade dos demais partidos que lhe darão sustentação parlamentar, com bastante folga para promover as mudanças que Lula alega não ter tido condições de fazê-lo. Será que é por isto que o mesmo anda chorando pelos quatro cantos do país nas diversas despedidas que seus admiradores têm lhe feito?

De forma semelhante, todos os governos estaduais estarão tomando posse. Vários irão suceder a si próprios ou darão continuidade aos mandatos de seus aliados e correligionários. Estes, como os governadores Silval em Mato Grosso, Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, Teotônio Vilela em Alagoas, Puccineli em Mato Grosso do Sul, Eduardo Campos em Pernambuco, Cid Gomes no Ceará, Anastasia em Minas Gerais, Alkimin em SP, Roseana Sarney no Maranhão e outros mais, terão oportunidade de demonstrar que quatro anos serão suficientes para resolverem os problemas que afetam seus estados e ao mesmo tempo cumprirem as promessas feitas na última campanha e em outras anteriores.
No caso da Presidente/a Dilma em conjunto com todos os governadores e com Deputados e Senadores, terão que encarar o desafio de algumas reformas fundamentais que vêm sendo postergadas há mais de uma década. O Brasil não conseguirá sair do atoleiro em que se encontra se nesses próximos anos não realizar as seguintes reformas: do judiciário para torná-lo um poder mais ágil e possibilitar que a justiça seja efetiva para todos os brasileiros; da previdência para que nossa população que esta envelhecendo de forma acelerada possa ter garantia de uma vida digna no futuro; do sistema de saúde para que o SUS seja algo verdadeiro e atenda as necessidades da população e não um simulacro de saúde publica que engana muito e realiza pouco; a reforma fiscal e tributária para que esta imensa carga tributária que recai sobre os ombros da população possa ser reduzida e o bolo arrecadado melhor distribuído entre União, Estados e Municípios, uma reforma educacional para garantir educação publica de qualidade para nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos, evitando que o Brasil continue tendo desempenho ridículo como tem acontecido ao longo desta década que se finda.

Não podemos nos esquecer de uma reforma profunda no sistema de segurança e penitenciário para reduzir os elevados índices de violência que tanto atormentam o povo brasileiro e tem ceifado milhares de vidas inocentes.
E, finalmente, uma reforma verdadeira na gestão pública brasileira onde a ética, a eficiência, a eficácia e a efetividade possam substituir os esquemas corruptos, a impunidade, o desperdício, a criminalidade de colarinho branco, privilégios e o oportunismo que tanto nos envergonham. Tudo isto, terá que estar voltado para a melhoria da qualidade de vida do povo e para o respeito ao meio ambiente, garantindo sustentabilidade e justiça social para nossa gente. Oxalá este novo ano, nova década e novos governos possam significar uma nova etapa no desenvolvimento de nosso país e não apenas favorecer a perpetuação das mesmas forças políticas, as raposas, as elites e camadas dirigentes que falam muito em nome do povo, mas usam os cargos e funções públicas para beneficiarem sempre os donos do poder!

Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia
[email protected]

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