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O jogo sujo da sedução

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Alguns fatores incidentais influenciaram o resultado das eleições para a presidência da República, permitindo o inesperado segundo turno. Uns mais, outros menos. O primeiro deles, e de menor importância, foi o bafafá montado em torno da quebra de sigilo fiscal de algumas vistosas aves do bico grande. Apesar do barulho, teve pouca repercussão no posicionamento do eleitor. Além de não ser o fato em si importante para a grande maioria, vindo dos tucanos merece nenhuma credibilidade para os que se importam com isso.

Foram eles mesmos que abusaram desse expediente nos oito anos em que governaram o Brasil. Não é segredo que, para a aprovação da emenda da reeleição, usaram a quebra de sigilo fiscal e bancário de deputados e senadores como arma de convencimento. E foi exatamente no governo FHC que o Banco Central esgotou todos os recursos judiciais possíveis tentando fazer valer um suposto direito seu de violar e expor sigilos bancários sem ordem judicial.

Em seguida puseram fogo na cadeira da ministra chefe da Casa Civil. Ai a oposição teve a sorte de contar com o vacilo da funcionária ocupante do cargo. Como dizia Jânio Quadros, e nisso estava absolutamente certo, funcionário público não pode ter parentes rondando o seu ambiente de trabalho. Pode ser até que por lá esteja tudo nos conformes, dado que nenhuma evidência de anormalidade apareceu, mas que restou algum desgaste, com reflexos na campanha da candidata, isso é fato, não há dúvida.

No episódio, porém, fez o governo o que era natural e aconselhável: demitiu-se a ministra e mandou o caso para as autoridades competentes – Polícia Federal e Ministério Público. Não se tem notícia de coisa parecida na gestão tucana que dispunha, como é sabido, de um proeminente funcionário do primeiro escalão na posição de Engavetador Geral, como passou a ser chamado, inclusive por setores da grande mídia.

Como nenhum desses dois episódios pareceu dar o resultado desejado, a ave sorrateira resolveu lançar mão dos seus melhores atributos. No submundo da criminalidade cibernética encontrou os parceiros que procurava. E então, com a ajuda providencial dos mais astutos delinqüentes, promoveu uma onda de boatos infamantes sobre a vida, o pensamento e a pessoa da candidata Dilma Rousseff, para atingir o coração e a sensibilidade das pessoas devotas. Tudo sem o menor fundamento. A bandeira do aborto, por exemplo, quem a empunhou, num passado recente, outro não foi senão o PSBD paulista, através de uma deputada que carrega serpente no nome. E quem teria afirmado, certa feita, que Deus não existe também não foi outro senão o tucano-mor que exerceu a presidência da República por dois mandatos.

Mas esses expedientes visavam algo mais do que votos. Ao que parece, teve como objetivo fundamental a desestabilização da campanha que dá suporte à candidata do presidente Lula. Para, no meio do burburinho, despertar a atenção do eleitor de baixa renda, alvo principal dessas eleições. De outro modo não teria credibilidade a promessa de aumento do salário mínimo para 600 reais e de dez por cento para aposentados e pensionistas do setor privado.

É apenas uma promessa, mas isso, sim, mexe com a expectativa imediata de mais de um terço da população brasileira, que já não se lembra que os tucanos, depois de oito anos no poder, legaram ao povo brasileiro um salário mínimo inferior a 100 dólares e aposentadorias e pensões que, excluídas as do setor público, não chegavam, na média, a 140 dólares.

Levi Machado de Oliveira é advogado em Cuiabá

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