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O Cuiabanês na política

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Com objetivo de resgatar o linguajar cuiabano que, com o passar do tempo foi desaparecendo do nosso dia a dia, procuramos relembrar alguns verbetes, apenas para matar saudade dos anos 60, onde as ações dos agentes políticos, tinham raízes sentimentais, e, às vezes, até chegando às raias do fanatismo: quem era PSD, jamais trocaria de partido, nem no fim da vida trocaria pela UDN. Era como time de futebol, quem é Vasco, jamais um dia vai virar Flamengo. Mas, hoje troca-se de partido como se troca de camisa, os interesses estão acima das convicções ideológicas.

Hoje a política virou negócio, e em negócio não tem sentimento, o que importa são os lucros e mais lucros. A política mudou em muitos aspectos, mas vamos relembrar aqueles velhos tempos, da nossa querida Cuiabá, que ficaram em nossas lembranças e que não voltam mais.

Os políticos daquela época eram qualificados de acordo com as suas características e o seu modo de ser:

Político molóide (fraco); político meia-tigela (mediano); político metido a sebo (agindo como grande); político mequetrefe (péssima qualidade); político nhapador (corrupto); político piqui roído (não vale nada); político levado aos córnios (complicado); político cara de tacho (sem vergonha); político tocêra (metido) e político digoreste (sabido e esperto); político cheio de bereré (com dinheiro) e político com biricera (pouco dinheiro); político metido a bestão (ignorante) e político bom de bicaria (poder de convencimento) e político bobó cheira-cheira (débil mental) político brocoió (sem graça) político casca de ferida (malvado e ruim) político casca búia (imagem desgastada).

Debates e Horário Eleitoral:

Traduzindo para o linguajar cuiabano, que era usual em décadas passadas, que somente as velhos cuiabanos irão relembrar de termos empregados durante as grande campanhas e comícios que eram o carro feche para se vencer uma eleição: sempre aparecia candidatos que ser destacavam com propostas que deixavam o povo cuiabano por cima da carne seca. Era um pizêro e muitos trupicar no faltório, com propostas aúfa que trazia todo tipo bobageiras de mudanças, tinha candidato falando nas grimpas querendo comprovar que tudo que ele fala era verdade, dizendo assim: por essa luz que me lomea.

Agora, vamos traduzir para hoje com os verbetes antigos, a situação da política atual: haverá proposta de desenvolvimento em todas as áreas de ação do Estado, vai parece que as coisas ficarão bom pra catiça. Os adversários ficarão com a língua coçano pra poder rufar o sarrafo na cacunda do candidato salta veaco. O eleitor tem que ficar de orelha em pé, porque depois que enfiar o voto no copinho de couro, não adianta reclamar das mordeções e das nhapações.

Quanto as nomeações, estas serão executadas no sistema de parigato, serão nomeados apenas: os aduladores, os bagres ensaboados e os que não come amanhecido. E, ai não adianta bancar o baguá e não adianta ficar de olho comprido, você vai levar uma pernada e ai eu vou dizer: bonito prá tchá cara, depois que deu voto é pá chambaú, não adianta botar catinga, já é tarde demais: você foi pro buque.

Na Segurança Pública:

Durante o debate aparecerá candidato afiado, e que nunca abanou a mão para o povo, mas apresentará como proposta nº 01: a implantação do Regime de Sotovia, ou seja, não haverá pereréco de bandidos que dia e noite vem amolando o povo (a partir das 22h00 sem documento, estará preso).

Proposta nº 02: os agentes policiais agirão no estilo Marcidão: casca de ferida e malvado, os bandidos vão dizer assim, apanhei disparate e fiquei descadeirado.

Proposta nº 03: todos os moradores do Estado terão um Bate-Pau (segurança) fazendo ronda no quarteirão.

Saúde Pública – Não haverá mais uso de garrafadas, será implantado o atendimento igual do Sandú, ou seja, você será atendido por taxada de médicos, não terá enfermeiro pau de traque. Se você chegar com carne no vivo, constipação, defluxo, nó na tripa, arca caída e urrando de dor, tenha certeza que seu atendimento será de carreira, não haverá necessidade de madrugar na fila , pois será examinado por empetecados equipamentos bem-bom, não precisará sair com a receita e pois será fornecido remédios prá besteira, e na maioria das vezes já sairá completamente sarado.

Propostas para os Deputados e Senadores:

Fim da Corrupção – O Corrupto passivo e ativo vão apodrecer na cela (sem progressão de pena e sem regime porta escancarada)

Se aparecer na campanha política deste ano um candidato levado a breca, e desenvolver projeto de lei, que extinga todas as vantagem e mamata dos políticos, conforme passaremos a relacionar em seguida:

Os salários dos políticos serão iguais a todos os demais Barnabés do Estado, sendo assim o político terá que corcoveá, pois com as novas leis serão pá chambaú e povo vai dizer para os políticos, arrodeia três vezes, pois será o fim do pés de piqui:

1 – Fim das famosas verbas de representações (os políticos vão ficar estucado, e não vai mais encher o bolso);

2 – Fim das verbas indenizatórias (canhaim, to co sodade de mamãe, será só mixaria e minguado cobre, não vai interar salário);

3 – Fim das emendas parlamentares (com o fim das merendas e mamatas, todos políticos vão ficar esticados) ,

4 – Fim da aposentadoria através do FAP (os políticos vão ter que dar duro pra cachorro durante 35 anos e vão comer gambá errado e ficar na draga pra aposentar);

5 – Fim dos recessos (fim da esticação de férias, o político vai trabalhar o ano inteiro e vai ficar jururú);

6 – Fim das re-eleições (fim do repique da mamata e mordeção),

7 – Fim da renúncia de mandato (tirrim facheou balaio, quem renunciar vai levar cobrinha na anca, pois lugar de gente feio é da onde veio);

8 – Fim dos vices e suplentes, (compradores de favo nadando de braçada, vai ganhar casa de marimbondos);

9 – Fim das coligações (fim do ajojamento e do é só pegar)

10 – Fim das ações para governabilidades (fim das nomeações dos ajojados e quem bejo, bejo, mas quem não bejo, não beja mais, vai ter digramado liso);

11 – Para terminar, será proibidas propagandas das ações do governo (lufadas de recursos públicos para engrandecer políticos pancudos e tocêra).

Para finalizar e agora falando sério, será que vai aparecer pelo menos um político para assumir esse projeto de lei para concretizar essas mudanças. É um sonho que trará uma enorme economia para o Estado e para o país.

Esta crônica é uma homenagem a todos aqueles políticos da velha guarda e a todos cuiabanos que viveram as décadas de ouro da política de Cuiabá, como era emocionante: havia sentimento e honestidade.

O político deve ter consciência e entender que ao receber um voto, ele está recebendo a maior honraria que um ser humano possa receber de uma outra pessoa. Deve entender acima de tudo que esse eleitor, está depositando toda a confiança nele, passou uma procuração a partir do seu voto, dando toda a garantia para o candidato tomar todas as ações e decisões de direcionamento político, financeiro, social, legal e principalmente o gerenciamento global, que ira conservar ou mudar as ações de governo por quatro anos, interferindo diretamente na sua vida.

O voto é tudo na vida de um cidadão, pois é através dele que mantemos a democracia, que é o melhor regime político que já inventaram (a vontade da maioria vence), pois errando que se apreende votar, e a cada eleição é que aperfeiçoamos a própria democracia.

Wilson Carlos Fuá é economista e ouvidor geral da Sinfra-MT

[email protected]

 

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