Relutei muito em discorrer sobre um assunto tão delicado que é uma abordagem política sobre os confrontos em torno do poder político em Juara. Delicado porque envolve um embate histórico entre dois grupos políticos para se manter no auge do poder político. E mais complicado ainda porque essa disputa gira em torno de interesses locais que não podem ser explicado por uma pessoa que não viveu esses confrontos. Juara tem suas particularidades que só podem ser entendidas no processo histórico da sua fundação até os dias atuais.
Não quero aqui me ater ao mérito de quem esta certo ou errado, pois creio que a disputa e o jogo de acusações estão numa esfera que não pode ser refletida sobre a seara de um analista político como eu. Quero aqui me ater em torno da governabilidade de um município pelo qual o interesse público deve estar em primeiro lugar. E nesse ponto creio que devemos uma explicação convincente a população juarense.
Sou da tese de que um governo municipal deve ter como fim único o interesse coletivo em detrimento aos interesses político-partidários. E para se ter governabilidade, oposição e situação, devem ter como prerrogativa, os interesses "concretos" da população. Quando digo "concretos" é porque repudio uma retórica vazia e sem conteúdo.
É compreensivo as disputas político-partidárias na esfera estadual e nacional. Até porque, os interesses em jogo, são muito mais complexos, demandando a necessidade de alianças políticas. Mas isso não pode ser a tônica dentro de um município pequeno como Juara. Quando isso acontece, o interesse público é subvertido em prol das disputas em torno do poder político. Ao invés de se discutir políticas públicas, se discute ética e moral dos governantes e dos representantes políticos do povo.
Isso, a meu ver, paralisa a governabilidade municipal, que, por conseguinte, paralisa as ações em torno dos reais interesses da sociedade. A crítica é da natureza do processo político, mas isso, desde que possa orientar o governo a corrigir erros e moldar suas ações em torno dos problemas sociais do município.
Ao gestor municipal, cabe escutar as críticas da população. A população cabe cobrar do gestor uma prática em torno dos interesses públicos.
Veja bem, a virtude do "bom político" esta em saber lidar com o termômetro da opinião pública. Ao passo que, a opinião pública deve pautar sua crítica em torno de alternativas aos problemas sociais, numa conjugação de esforços com o gestor municipal, forças políticas de oposição e população.
Conclamo as forças políticas a repensarem suas críticas em torno da governabilidade do município de Juara. A crítica deve objetivar a correção dos equívocos. Cabe aos críticos reavaliar o peso de suas críticas em torno dos interesses da comunidade juarense. A crítica deve sempre estar voltada ao bem coletivo, pois o seu contrário fará paralisar as ações públicas da política.
O bom político é aquele que aponta erros e alternativas. O bom gestor é aquele que coloca os interesses públicos acima dos interesses de grupos e muda os rumos de seu governo. Creio que se esse equilíbrio for alcançado em Juara, podemos sonhar o dia que os grupos políticos que hoje se digladiam, possam sentar na mesma mesa de negociação. Afinal, é nas diferenças políticas que se constrói a unidade do interesse público.
Oseias Carmo Neves – sociólogo e professor da Unemat/Juara