No final ano passado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, divulgou que o Produto Interno Bruto – PIB, de Mato Grosso calculado entre 1997 e 2007, cresceu 111,3% e foi o maior do país no período. O PIB mede a soma de todas as riquezas de bens e serviços produzidas. No mesmo período, o PIB brasileiro na média de 4,8%, resultando em cerca de 48% no mesmo período. Houve anos, como 2003, em que o PIB do Brasil cresceu 0,5% e o de Mato Grosso cresceu 4,9%. Em 2007 o PIB de Mato Grosso foi de 11,3% e o do Brasil de 6,1%. Em síntese, o que aconteceu nos 10 anos entre 1997 e 2007, foi que nasceu um novo Mato Grosso dentro de Mato Grosso.
No mesmo período, as exportações de Mato Grosso cresceram geometricamente. Em 2002 eram de U$ 1 bilhão 795 milhões. Em 2009, mesmo com as crises da madeira em 2005, do agronegócio de 2005 a 2007, e a crise mundial de 2008/2009, as exportações de Mato Grosso chegaram a U$ 8 bilhões 495 milhões, ou mais 373%. Enquanto isso, a soma das exportações dos demais estados da região Centro-Oeste foi de U$ 6.351 bilhões. Mato Grosso é o sexto estado exportador no país. Em 2009 30% do superávit da balança comercial brasileira foram garantidos por nosso Estado.
O leitor deve estar impressionado com tantos números. Mas eles foram colocados aqui apenas para justificar a tese para o desenvolvimento atual e futuro de nosso Estado. Os números nos mostram que entre 1997 e 2007 nasceu um novo Estado dentro do próprio Estado, e a pergunta que fica é: e nos próximos dez anos entre 2007 e 2016? Os cenários do mundo apontam uma transferência maciça de investimentos internacionais hoje ligados às áreas de produção e de transformação de alimentos para o Brasil, particularmente o Centro-Oeste e, nele, Mato Grosso. Além da própria evolução dos investimentos atuais.
Se isso realmente acontecer, como sugerem os cenários mundiais, então se cumprirá a profecia de que Mato Grosso será o celeiro do mundo a partir de agora, porque os investimentos já estão chegando.
O leitor certamente ainda continua confuso, perguntando o que isso lhe importa. Aqui reside a mais extraordinária possibilidade de um novo tempo nessa geração atual. Já estamos assistindo aqui mesmo na rodovia BR-163 o início do processo de industrialização de alimentos, tanto de grãos quanto de carnes com os olhos voltados para os mercados internacionais.
Se ainda assim, o leitor estiver perguntando o que ele tem com isso, cabe a informação de que esse processo de industrialização, chamado pelos economistas de verticalização da produção, vai produzir um crescimento regional a partir dos pólos onde ele acontecer. Um município industrializa, mas outro é quem produz os grãos da ração, outro cria animais, outro tem os bancos e os prestadores de serviços, outro hospitais, outro tem usinas hidrelétricas, outro tem universidades que formam recursos humanos, etc. A verticalização tem o mérito de deixar na própria região a riqueza dos impostos e do valor agregado dos produtos transformados que antes ou iam para o Sul e Sudeste ou para o Hemisfério Norte. Isso cria um espírito de desenvolvimento regional, e não de competição entre os municípios.
O desenvolvimento regional forte gera novas forças políticas para bem representar a região na Assembléia Legislativa e no Congresso Nacional, dando aos parlamentares eleitos poder de reivindicação porque eles terão atrás de si uma região rica para representar.
Por fim, meu caro leitor, Sorriso, cidade que tenho a missão de administrar até 2012, é um município-pólo de produção agrícola, de altíssima tecnologia, interligado a uma região em alta prosperidade. Nos próximos artigos gostaria de desdobrar esse nosso papel na região, pensando na região, no Estado de Mato Grosso, e no Brasil, que depende profundamente da produção de nosso Estado hoje e nos próximos anos.
Chicão Bedin é prefeito de Sorriso