Uma instituição de ensino, com cursos de nível superior, que venha atender de fato, os anseios e as necessidades regionais é realmente o sonho a ser transformado em realidade. Num primeiro plano é preciso definir o perfil desta Universidade. Esta concepção não pode ser fruto apenas dos que vivem no momento o ensino superior, mas cabe a estes encaminhar um processo profundo de diagnose, consulta e reflexão na sociedade regional sobre a questão.
Esta discussão, enquanto debate pode até ser apaixonante, meio turvo, parcial, meio viciado, meio ilusório, um pouco imediatista e duvidoso. Até é bom que seja assim para haver amadurecimento no debate.
Mas a síntese da discussão deve trazer no seu bojo as essências para a edificação de uma Universidade capaz de enaltecer e despertar os valores na sociedade, contribuir significativamente na solução dos problemas que emanam do próprio desenvolvimento ou da falta deste e, principalmente, ser uma instituição eternamente inacabada e nunca no todo satisfeita.
A Universidade que queremos deve ser o ponto de convergência das angústias, dos desejos e das esperanças do povo. Não como depósito disto, mas para ali processar tudo isto.
O produto da Universidade que desejamos deve ser algo cobiçado, pode até ser coisa não esperada, mas que seja então surpresa que promova a sociedade como um todo mais harmônico, reduzindo diferenças sócio-econômicas e culturais, permitindo ao homem transcender para níveis universais mais elevados.
Esta Universidade deve ser capaz de revolucionar e de contra-revolucionar quando a interação homem-ambiente assim exigirem. Porque (Pois) a instituição que não queremos é aquela que possa se mostrar impotente para criar alternativas esperançosas para a humanidade e incompetente para fazer o homem avançar ou sair da inércia.
Mas como chegar a esta Universidade?
O caminho é mobilizar-se para uma profunda, ampla e abrangente discussão na busca de respostas para desenhar o perfil da Universidade que queremos. E a sapiência antropológica já afirmava que “querer é poder” ou poder é uma questão de querer convicto.
No lugar que estamos ou que escolhemos; no tempo que vivemos e desejamos viver; na sociedade que compartilhamos ou que desejemos que venha a ser diferente, nisto ou naquilo: como a Instituição Universidade pode contribui, se a temos? Mas se não a temos, como tê-la, e o que esperamos dela? Eis algumas questões, atuais aqui ou ali, ontem, hoje ou amanhã.
Arno Rieder é professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)