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A PM que queremos

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A segurança pública é uma questão delicadíssima que tira o sono do governante, angustia as autoridades do setor e apavora o cidadão. Tudo isso por causa da violência e criminalidade indiscriminadas que acontecem no dia a dia, num crescimento vertiginoso e assustador, vitimando a população brasileira e mato-grossense, inclusive os integrantes das forças policiais da área.
 
Uma visão sociológica do problema permite, sinteticamente, afirmar que segurança pública não se combate apenas com o emprego de métodos repressivos. O crime, impositivamente, não acontece por si só. E da mesma forma não se pode conceber uma única maneira de combatê-lo. Juntos o Poder Público e a sociedade devem dispor uma ampla e eficiente rede de proteção social para atuar, preferencialmente, no universo do contingente infanto-juvenil em condições de risco, por ser o mais vulnerável aos descaminhos e ao mesmo tempo o de maior facilidade em ser persuadido para retornar aos bons trilhos da saudável e pacífica convivência social.
 
O trabalho preventivo é, portanto, de vital importância na política e na execução das tarefas específicas de segurança pública pelo Estado. A aproximação da Polícia Militar com a sociedade é um salutar começo, através da ampliação e fortalecimento do policiamento comunitário e das gestões para se criar elos de recíproca confiança, mudando a cultura predominante do distanciamento de ambos os lados. A interação cotidiana entre polícia e comunidade deve ser vista como o alicerce de sustentação para a melhoria geral da segurança pública, concomitante com a estruturação operacional, capacitação e valorização do policial militar.
 
O atual comando da Polícia Militar, instituição de Estado e encarregada das ações ostensivas de repressão armada, tem buscado reformular a forma de agir dos membros da corporação, com a implantação de nova doutrina e métodos operacionais, apesar das dificuldades para quebrar ranços culturais incompatíveis com a modernização desejada.
 
Por ser constituída de homens e mulheres, a Polícia Militar de Mato Grosso não está imune a desvios de conduta e comportamento. Isso mancha a corporação? É claro que enodoa. Mas, a honradez da tropa e de seus comandantes não pode e nem deve ser avaliada pela exceção. A superação de fatos negativos fica mais fácil quando a instituição se aproxima da sociedade e mostra o que faz além de suas atribuições objetivas.
A “Operação Presente” e a “Rede Cidadã”, ambas de cunho social, educativo e preventivo, são mostras concretas da mudança de mentalidade e propósitos que marca a atuação sócio-comunitária da força policial militar estadual, atendendo a bairros periféricos da Capital e de Várzea Grande, aonde são levados e disponibilizados atendimentos médico e odontológico, orientação nutricional, palestra sobre o tráfico e resistência ao consumo de drogas, cautelas sobre segurança da pessoa e patrimônio, plantio de mudas de árvores, instruções sobre a defesa do meio ambiente, noções elementares de civismo e cidadania, realização de corte de cabelo, juntamente com a emissão de documentos de identificação pessoal e de trabalho e apresentações artísticas e culturais.
 
Um bonito, produtivo e quase desconhecido serviço adicional prestado pela Polícia Militar em parceria com líderes e militantes comunitários. Agora é ampliar essas ações, convocar novos parceiros junto à sociedade e torná-las mais divulgadas e visíveis a todos os estratos e segmentos sociais e políticos, assim como determinar a interiorização desse trabalho levando-o para as áreas de atuação dos comandos regionais. Ainda não temos a força policial militar que o Poder Público e a sociedade almejam. É preciso avançar mais em deveres, direitos, estrutura e agilidade operacional e participação social e comunitária, mas o que já se vê hoje, certamente, possibilita antever e pressupor que a secular corporação caminha para ser a Polícia Militar que queremos.

Guilherme Maluf (PSDB) – Presidente da Comissão de Segurança Pública e Comunitária da ALMT.

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