No último sábado aconteceu a comemoraração o 87º Dia Nacional do Cooperativismo e os dez anos de fundação do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). Esse dia foi instituído em 1923, no Congresso da Aliança Cooperativa Internacional, com o objetivo de comemorar, no primeiro sábado de julho de cada ano, a confraternização de todos os povos ligados ao Cooperativismo. Originalmente denominava-se "Dia da Cooperação". Com o tempo passou a ser chamado "Dia do Cooperativismo", e atualmente, "Dia Internacional do Cooperativismo".
No Brasil, a construção de um estado cooperativo surgiu com os jesuítas por volta de 1610. Por mais de 150 anos, esse modelo deu exemplo de sociedade solidária, fundamentada no trabalho coletivo, onde o bem-estar do indivíduo e da família se sobrepunha ao interesse econômico da produção. Mas o movimento cooperativista no Brasil surgiu mesmo em 1847 nos sertões do Paraná seguindo modelos europeus.
A partir desta data cada cooperativa fez sua própria história. No final dos anos 20, um segundo modelo de cooperativa de crédito chegava ao Brasil e o terceiro e último modelo chegouno final da década de 50 com Maria Thereza Rosália Teixeira Mendes que organizou a constituição de dezenas de cooperativas de crédito mútuo em todo Brasil.
O cooperativismo é a forma mais evoluída do associativismo. O associativismo nasceu junto com o homem e provém da necessidade da união para vencer os desafios do mundo. Portanto, o Dia do Cooperativismo é uma data especial que marca a força da união, da solidariedade e da participação de milhares de pessoas na construção de resultados que formam a riqueza em todo o mundo. Pessoas essas que acreditam e proporcionam a base desta grande idéia, alicerçada nos princípios da força do trabalho, união e solidariedade, objetivando o bem comum de todos.
O cooperativismo atinge vários segmentos: agropecuário, crédito, consumo, trabalho, saúde, habitacional, transportes, entre outros. De acordo com estudo feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as cooperativas são mais resistentes às crises do que outros modelos de empresa, e aponta ainda para o incremento de volume de negócios das cooperativas de consumo e o crescimento das cooperativas de trabalho. Foi registrado também que cresce o número de pessoas que participam de cooperativas, bem como o capital e o volume de negócios dessas entidades, o que tem contribuído para a manutenção e a geração de novos empregos.
Por sua vez, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) é o órgão máximo de representação das cooperativas no Brasil. Criada em 1969, durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo, a entidade substituiu a Associação Brasileira de Cooperativas (Abcoop) e a União Nacional de Cooperativas (Unasco). A unificação foi uma decisão das próprias cooperativas. O Sistema OCB representa, atualmente, 7.682 cooperativas em todo o país, reunindo 7,8 milhões de associados e abrangendo os 13 ramos do cooperativismo, conforme dados apurados no ano passado. O total de empregados contratados pelas cooperativas atingiu 254.556 em 2008, superando os 250.961 registrados em 2007. Já o faturamento das cooperativas no Brasil, segundo a OCB, alcançou R$ 84,9 bilhões em 2008, contra R$ 72 bilhões registrados no ano anterior. As regiões Sul e Sudeste se mantiveram na liderança do faturamento bruto do cooperativismo. As cooperativas brasileiras também registraram, no ano passado, 21,49% de crescimento nas exportações, em comparação com 2007. No total, foram exportados US$ 4,01 bilhões, com destaque para soja, carnes, café, cereais, laticínios e produtos do setor sucroalcooleiro.
Enfim, o cooperativismo é muito mais que uma filosofia de vida. Constitui-se em importante agente de progresso, serviços, tecnologia, qualidade de vida e renda.
Eliene Lima é engenheiro civil, professor e atualmente exerce o mandato de deputado federal por Mato Grosso.