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PAC – Projeto de Assentamento Carlinda e o Futuro

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Não é preciso ser nenhum vidente para se perceber que um dos maiores Assentamentos do INCRA (Instituto Nacional de Reforma Agrária) no Brasil, esta perdendo por completo sua identidade de Reforma Agrária e local de atendimento exclusivo aos pequenos agricultores. O que mais me assusta é que o inimigo número 1 da reforma agrária (latifundiários) chega de mansinho, com cara de Salvador da Pátria e muita vez surge do próprio INCRA, principal órgão de proteção da Reforma Agrária. Se a titulação não pode ser pelo seu nome, não tem importância, existem centenas de miseráveis dispostos em emprestar o nome, muitas vezes somente pela certeza de ter uma remuneração mínima, trocada pela suada labuta de ostentar as maravilhosas paisagens de pastagens, e cuidar do precioso gado, gado muitas vezes adquiridos com financiamentos destinados ao “Pequeno Produtor”.

Engraçado! O que Faz um cara que nem eu… Não trabalho na roça, sou concursado pelo Estado e Município, levantar essa preocupação com de Carlinda? A resposta é simples, foi aqui que se formou o homem que sou hoje, foi de um pedaço de terra adquirido pelo INCRA que meu pai possui até hoje, que eu e meus irmãos tivemos a maior herança que um pai e uma mãe pode deixar que a formação em todos os seus sentidos, caráter, religiosa e também a Escolar, que nos trouxe um privilégio muito grande dentro dessa sociedade capitalista, que na maioria das vezes o respeito é condicionado ao cargo que você ocupa e as estrelas de sua conta bancária. Mas voltando ao assunto aqui cheguei aos 12 anos de Idade, hoje tenho 35 completos, as estradas do Setor D e a linha 13 tive o prazer de conhecer quando era somente picadas, além do nosso foram vários os outros sítios que ajudamos desbravar em troca do Abençoado Pão de Cada Dia, vi e ajudei nas primeiras edificações de pau- a- pique, das antigas igrejas e escolinhas, fiquei cinco anos afastados dos estudos por não ter as séries finais do ensino fundamental, estudei dentro de igreja e em barraco de lona e folha de coqueiro, andei vários quilômetros diários a pé, para conquistar o direito de cursar o Ensino Médio no centro urbano, enfim se fosse ficar aqui relatando minha história ficaria o dia todo escrevendo, vou pular lá no ano de 1997, quando comecei a trabalhar na EE. “Frei Caneca”, uma Escola com um grupo de Pessoas Lutadoras, grande parte se sacrificando na busca do tão sonhado “Nível Superior”, ficando dias e até meses longe da família, mas todos os esforços e sofrimentos se tornavam alegria e prazer diante da perspectiva de futuro melhor, individual e coletivo, principalmente da Escola e comunidades atendidas. Não é necessário listar as conquistas, mais foram grandes, uma escola que há 10 anos possuía menos de 10% do quadro com nível superior e hoje estamos bem perto de 100%, e grande maioria já são especialista, quando se trata de melhoria física o salto também foi gigante, pois no momento, graças as políticas da SEDUC (Governo do Estado), Administradores Municipais, Gestores Escolar e Conselhos Deliberativos nossa escola é hoje a melhor escola de zona rural do município e acredito de toda região norte. Isso seria motivo mais do que suficiente para estar dando pulos de alegria, e por que então toda essa indignação misturada com frustração e sentimento de culpa. Pois para que tudo isso se nossos alunos estão indo embora, as maiorias das escolas municipais da zona rural diminuíram seus turnos, umas correm o risco de em um futuro breve se extinguir, e nos do Setor Nazaré estamos caminhando a passos largos nessa mesma direção, em menos de 10 anos tivemos uma defasagem de aproximadamente 50% dos alunos, imaginem essa perspectiva para daqui 10 anos. E se não nos preocuparmos com essa situação, acionando nossas armas legais que são os poderes constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário, Carlinda se transformará em poucas Fazendas, já esta bem encaminhado, existem linhas inteiras que estão divididas entre dois proprietários, outras já estão bem encaminhadas com blocos de 06, 05 e 04 sítios por proprietários.

Estamos confiante com essas novas políticas Nacional e por saber que em Carlinda temos legisladores do mesmo partido do Governo Federal, e tenho certeza que eles e os outros não vão aceitar que os programas que vieram para melhorar a vida do pequeno produtor como Luz no Campo, Procera, Pronaf, Conab e tantos outros se tornem mecanismo de injustiça, sendo desvirtuado em suas verdadeiras finalidades, como já tem acontecido, não quero que nossa maravilhosa escola Frei Caneca se torne laboratório genético de grandes produtores de gado, ou centro de formação de filhos de fazendeiros e grandes comerciantes. Quero que Carlinda reencontre sua origem de assentamento rural de pequenos agricultores, afinal existem tanto outros lugares para os latifundiários, quero que essa terra Abençoada, volte a ser de quem realmente precisa dela para retirar o pão, e não daqueles que já possuem grandes salários, ou outras fontes de renda. Convido para essa mobilização todos as Instituições,Sindicatos, ONGs e órgãos que tem como bandeira defender os Direitos Humanos. Pois somente assim que aqui em Carlinda estaremos honrando o Sangue derramado por Chico Mendes e Irmã Doroty.

Damião de Souza Santos – professor licenciado em Matemática (UNEMAT), Técnico em Administração e Gestão Escolar(Projeto Arara Azul), Especialista em Educação Matemática(ICE-Instituto Cuiabano de Educação), Especialista em Gestão Escolar/Escola de Gestores (UFMT/MEC).

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