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A difícil sina da campanha política

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Quem diria que a festa do Cururu e Siriri estaria repleta de majestosos candidatos a um cargo público nas próximas eleições: a valorização do evento ignorou siglas partidárias e se enalteceu de glórias. Há quem não perceba, mas a triste sina do candidato é saber que ele tem que passar pelo desonroso, mas necessário, período de misericórdia: ter que se humilhar ao mais humilde, no pedido do seu voto para se eleger. Essa fase, creio, é a mais difícil. O candidato é levado às últimas conseqüências para tornar-se carinhoso, amigo de todos os pobres. Convence-lhe o instinto de que o comportamento deve andar sob a condição de coitadinho e de trabalhador exímio para conquistar o seu ensejo. Depois, bem, depois, caso seja eleito, ele sabe que quem vai andar exercendo o papel de “pidão” será o miserável que, por costume, saberá que a recíproca não é verdadeira, pois não terá seus pedidos atendidos.

As estatísticas não me deixam mentir. É comum vermos quase todos os moradores dos bairros mais abastados viverem em total abandono de infra-estrutura, postos de saúde, postos policiais e etc…, após as eleições. Até parece que deixar a situação estar como sempre esteve, é uma práxis cultural dos políticos. A observação não é das mais difíceis: imagine se os vereadores se aliem ao prefeito para resolver, de fato, os problemas cruciais da sociedade? Com que argumentos (promessas) eles irão fazer suas campanhas nas eleições vindouras? Moral da história: o pobre tem que continuar existindo e deve ser alimentada a sua miséria, pois ele é a matéria prima dos políticos mais convincentes.

Quem disser que eu sou pessimista, é por que desconhece a obra clássica de Nicolau Maquiavel: o Príncipe. Dentre tantas mensagens de dar nó na garganta, a mais conhecida é a de se aliar ao inimigo para se valer das benesses que esse possa lhe dar. Há algum problema nisso? Evidentemente que não. Mais que isso, é torná-lo uma moeda que não se troca, mas se usa no momento certo, na hora certa. Também nesse caso não há nenhuma proibição, muito pelo contrário, ativa-se um falso compromisso de amigos, enquanto dure.

A realidade é que entra ano, sai ano, e o discurso não muda. A recíproca nunca será verdadeira, posto que as condições de vida, a postura de cada candidato eleito torna-se imutável ante aos anseios da sociedade. Como evitá-los? Sabendo em quem votar? Bem, o caminho é esse. O fato é que as cartas estão na mesa e o perfil de cada candidato pode ser uma saída, uma opção para tomada de decisão da prática da cidadania.
De uma coisa eu tenho certeza: no baralho existe coringa. O que nos cabe é a difícil tarefa de identificá-lo. Sem muitas delongas, quer queiramos ou não, um será eleito e nos representará na prefeitura, bem como assim será para a câmara dos vereadores. Em decorrência dessa realidade, mais uma vez nos tornamos mais que responsáveis quanto a escolha do melhor ou menos pior candidato. A campanha, genericamente, começa a tomar corpo, já passa de um feto e caminha para o corpo-a-corpo. Não haverá timidez, acanhamento, menos ainda falta de criatividade na elaboração da estratégia para conquistar o precioso voto popular. Teria como ser diferente? Também é claro que não.
Diante das enxurradas de gracejos que haverão de surgir até que se bata o martelo, o eleitor, na minha opinião, deverá se comprometer a ser integro, honesto e saber o que de fato quer do candidato, pois ele está apenas fazendo o papel que lhe confere os desígnios do ofício. Se errarmos de novo, vamos ter que mastigar a harmonia da música de Tom Jobim: “mesmo com tantos ias, tantos não-ias agente vai levando, agente vai levando, agente vai levando essa ……”.

Gilson Nunes é jornalista e técnico de T.I.
[email protected]

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