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As bandeiras de Sinop

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Verdes e vermelhas, lá vão as bandeiras! De manhã e pela tarde, lá estão as bandeiras! São bandeiras resistentes, determinadas. Resistem bravamente a canseira e o calor. O desejo pela sombra convidativa do arbusto cede diante da consciência (ou da obrigação) do dever a cumprir: Mostrar a todos quem será o prefeito de Sinop, pois a lógica diz que quem finca bandeira é o dono do pedaço.

E eu, confuso e despreparado para entender esta lógica tão refinada, ponho-me a refletir sobre a utilidade deste “trabalho”. Minha lógica débil me diz que o voto deve ser conquistado com propostas, pelo convencimento da consciência do cidadão de que os planos do candidato escolhido são os que melhor representam suas aspirações e as aspirações da sociedade. E aí surge naturalmente a pergunta: Onde entram as bandeiras, verdes ou vermelhas, neste contexto? Ostentar as cores do candidato é o mesmo que expor suas idéias? Ou seria apenas uma forma de disputa, uma forma de ver quem mobiliza mais porta-bandeiras? Confesso que estou confuso! Não consigo decidir em que devo me afiançar para votar: se nas propostas, se nas bandeiras, se numa espécie de ponderação entre propostas e bandeiras. Ou devo descartar completamente as bandeiras? Mas descartando as bandeiras não estaria eu menosprezando o trabalho de cidadãos que “conscientemente” ostentam o estandarte de seu candidato, enfrentando o calor e o cansaço?

E para formar convicção, para votar conscientemente continuo a refletir: E se os cidadãos porta-bandeiras não as portam por convicção e sim por necessidade? Neste caso, o futuro prefeito, se não justificar o voto pela convicção, o justificaria por dar “trabalho” a estes cidadãos necessitados?

Pela reflexão cheguei a certas deduções que gostaria de compartilhar com o leitor. Aparte a legitimidade deste modelo de campanha, me fica claro que só duas coisas justificariam a submissão do cidadão á tarefa de porta-bandeiras: A convicção e a vontade de convencer de que seu candidato é o melhor e a necessidade de ganhar algum dinheiro. A primeira condição me parece louvável. A segunda, nem tanto. E mais: Fica explícito que este modelo procura fisgar os eleitores despreparados, daqueles que acham que perdem o voto se o candidato escolhido for derrotado. Assim, para não perder o voto, escolhem aquele que mostrar mais força, mais faixas, mais bandeiras…

Mateus de Souza Santos é bancário em Sinop

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