A batalha de Stalingrado foi decisiva para a vitória dos aliados contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Foi particularmente uma batalha que colocou Hitler e Stalin no confronto direto. Durante quase oito meses, mais de 2 milhões de pessoas baixaram no confronto, quase metade civis. A vitória soviética ao final da batalha de Stalingrado resultaria, três anos depois, na esmagadora derrota nazista em 1945. Os soviéticos venceram, mas quase tiveram uma vitória de Pirro: o custo foi altíssimo, tanto econômico, bélico e sobretudo o de perdas civis.
Desde então, o mundo passou a cultuar Stanlingrado como a posição em que não se pode perder, que deve ser defendida a qualquer custo. Recentemente, os políticos mato-grossenses passaram a se referir aos seus principais redutos nas eleições deste ano com Stalingrados.
Para o PSDB, sua Stalingrado em 2008 é Cuiabá. Não é por outra razão que os tucanos, tendo como Comandante o prefeito Wilson Santos, despejam artilharia pesada contra todos que se aventuram colocar-se como adversários no pleito de outubro próximo. Que o digam Walter Rabello, Valtenir Pereira e Iraci França.
Já a Stalingrado do DEM é Várzea Grande. Lá, os irmãos Jaime e Júlio Campos não pouparão munição para garantir a eleição deste último como prefeito, custe o que custar. Assim como a cidade soviética, os irmãos sabem que perder Várzea Grande pode ser definitivo para perderem as condições de disputa nas eleições de 2010.
O PMDB tem suas Stalingrados também. Rondonópolis é a Stalingrado de Carlos Bezerra, o presidente regional e maior liderança política do partido. Sua prioridade zero é eleger o deputado José Carlos do Pátio prefeito neste ano. Rondonópolis, todavia, também é a Stalingrado do governador Blairo Maggi. Esse componente torna o confronto de lá mais sangrento e contumaz. E também pode resultar em muitas baixas de civis, inclusive pelo fogo amigo. (Recomendo muita atenção nos próximos acontecimentos envolvendo o também deputado Percival Muniz nos próximos dias).
A segunda maior liderança do PMDB, vice-governador Silval Barbosa, elegeu como sua Stalingrado a cidade de Sinop. Recruta um exército que seja capaz de levar à vitória o soldado raso Juarez Costa. Talvez seja esse o problema: um bom exército precisa de um bom comandante. Ou Silval assume o comando pessoalmente, torna-se o Stalin da grande batalha da Stalingrado Sinop, ou poderá fracassar exatamente como caiu Hitler, pelo excesso de autoconfiança, falta de planejamento e subestimação do adversário – que embora inferior numericamente, tinha uma causa!
Cáceres também é uma Stalingrado nas eleições deste ano, mas para os irmãos Pedro e Ricardo Henry. No comando da cidade há mais de uma década – há quatro tendo o prefeito -, os irmãos jogarão força máxima na eleição da antes chamada Capital do Oeste mato-grossense. O alvo é reeleger Ricardo prefeito e garantir que o irmão Pedro tenha força suficiente para a grande batalha de 2010.
Há várias outras Stalingrados – cidades que são fundamentais politicamente para os projetos de determinadas lideranças – espalhadas pelo estado afora. O leitor mesmo poderá acrescentar inúmeros locais e personagens a essa lista.
Contudo, finalizo a lista de hoje com o PT, que não tem uma Stalingrado. Ao ouvir os primeiros tiros de canhão, os companheiros petistas desertaram, arriaram suas bandeiras e estão se oferecendo como força auxiliar de outros combatentes – de preferência longe do front de batalha. A grande lição que fica, por ora, é que quem não tem uma Stalingrado, uma posição chave que precisa ser defendida a qualquer custo, poderá já ter perdido a guerra e ainda não o sabe.
Kleber Lima é jornalista pós-graduado em marketing e consultor político.