Manhã de quarta-feira. O elevado número de acidentes nas rodovias federais é a marca deixada como manchete nos principais jornais do país. No decorrer do dia os números vão sendo atualizados e ao anoitecer temos um quadro desolador. Infelizmente o impacto da informação é momentâneo; não é forte o suficiente para que os acidentes diminuam no feriado seguinte. Não cabe aqui uma previsão, senão a constatação com base nos relatórios divulgados pelas Polícias Rodoviárias – Federal e Estadual – em anos anteriores.
Ao fim de cada explanação sobre o problema, diz-se que é preciso investir em campanhas de conscientização. Particularmente penso ser este um passo melindroso, pois a consciência do brasileiro mora dentro de seu bolso e não raras vezes, no do agente designado para fazer valer a lei. Assim sendo, o dinheiro disposto às campanhas melhor aproveitado seria se aplicado no aprimoramento dos cursos de formação do condutor, que, sejamos sinceros, tornou-se uma indústria de elevada renda. Para piorar ainda mais, colocam a culpa no trânsito como se este tivesse vida própria atribuindo-lhe temperamento violento. O entendimento é equivocado por ignorar que a violência está em quem o faz.
Enquanto o trânsito for tratado como elemento independente, acompanharemos no noticiário pós-feriado, a informação de que centenas de outras vidas se foram pelo livre exercício do ato de ir e vir; ou ao menos, a tentativa de faze-lo.
Clayton Cruz é radialista em Sinop e editor do blog imprensando.com.br.