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Teste de liderança

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O PSDB de Mato Grosso vive um drama de coesão interna muito forte no presente momento. O motivo aparente foi a discussão sobre alianças eleitorais, que colocou em pólos opostos os grupos do prefeito Wilson Santos – que conseguiu a convergência com o de Thelma de Oliveira – e o do ex-senador Antero Paes de Barros.

Penso que o pano de fundo dessa crise, entretanto, foi o passamento do ex-governador Dante de Oliveira. Dante conseguia, por sua liderança pessoal, manter os tucanos no rumo. Certo ou errado, o partido caminhava muito mais unido. Sua ausência ainda não foi preenchida, e os tucanos se ressentem disso e estão sem plano de vôo.

Já tive a oportunidade, daqui deste espaço, de prever que essa disputa pela sucessão de Dante como líder maior viria a ocorrer no seio do PSDB. Os nomes mais prováveis, disse à época, eram Wilson Santos, Antero Paes de Barros e Thelma de Oliveira. O tempo se encarregou de mostrar que o papel de líder maior do PSDB de Mato Grosso está reservado a Wilson Santos.

Thelma, ao que parece, fez outra opção, dedicando-se a projetos mais particularizados. Antero, sem mandato, não consegue mais impor sua vontade. O termo impor foi escolhido de propósito. Reconheço inúmeras virtudes em Antero. Mas, sua cultura de direção é muito inflexível, quase stalinista. Um outro político de lastro em Mato Grosso, que já conviveu com Antero no mesmo partido, disse-me certa vez que o ex-senador se assemelhava ao Inspetor Javert, o policial linha-dura do clássico Les Misérables, do fantástico Victor Hugo. Concordo. A esperança é que no final Antero recobre a serenidade.

Deste modo, resta a Wilson Santos assumir o manche. Entretanto, para exercer de fato a liderança de um partido que está enfraquecido e isolado, vai precisar se superar. Não pode simplesmente abrir mão de Antero. Um partido que tenha um quadro como Antero jamais poderá abdicar dele. Por seu símbolo de tucano, por sua história de militância e também pela capilaridade que ele construiu no seio do partido.

James C. Hunter, no seu também clássico contemporâneo “O Monge e o Executivo”, diz que o grande líder segue seus liderados. Já o militante número 0001 do PSDB de Mato Grosso, Paulo Ronan, por ocasião de outra crise semelhante vivida pelos tucanos locais (quando Antero e Roberto França também travaram uma guerra surda, e Dante estava enquadrado como parte do grupo do Antero), se posicionou publicamente dizendo que Dante não poderia ter grupo, simplesmente porque era o líder de todos os tucanos.

Lições simples que devem ser bastante observadas por Wilson Santos nesse novo momento de crise interna do PSDB. Ele está no lugar certo e na circunstância adequada para assumir essa posição de maior líder do PSDB do Estado. Basta, agora, não negligenciar essas oportunidades.

Isso passa, antes de mais nada, por colocar-se acima dos grupos, e depois seguir seus liderados. E pode significar, por exemplo, a necessidade de abrir da presidência do partido, e encontrar uma terceira via que seja capaz de viabilizar a unidade interna, construir o consenso ou no mínimo a convergência. Daqui de fora, a mim me parece que Carlos Avalone seria o nome certo para desempenhar esse papel, na medida em que tem as melhores relações possíveis com os diferentes grupos internos. Além do que, Carlos Avalone, ao lado de Alexandre César, são as maiores revelações da atual legislatura da Assembléia Legislativa. Essa é outra característica dos grandes líderes: saber identificar as potencialidades de seus liderados, valorizá-las, e alocar cada recurso no lugar onde puder contribuir mais. Além do que, Wilson já tem missões demais: líder do partido, prefeito de Cuiabá e candidato à reeleição.

KLEBER LIMA é jornalista pós-graduado em marketing e consultor político

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