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Segundo semestre: invista em ações (com moderação!)

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Segundo semestre: invista em ações (com moderação!)
Prof PhD Marcos Crivelaro

Quando se procuram investimentos que pagam altas taxas, corre-se o risco de ganhar ou perder dinheiro. Nos tradicionais fundos DI e de renda fixa, os juros em queda levarão esses investimentos a renderem ainda menos do que no primeiro semestre. Mas investir a maior parte dos recursos em renda fixa possibilita ao investidor se arriscar e buscar melhor retorno na Bolsa em até 20% das suas economias pessoais. Os investimentos seguros servem como colchão para amortecer eventuais perdas nas ações. Os fundos multi-mercados são produtos que já incorporam esse mecanismo porque apenas uma pequena porcentagem dos papéis está lastreada na renda variável. Por exemplo, se 80% dos seus investimentos estiverem seguros rendendo 1% ao mês e 20% dos investimentos forem em ações com rendimento mensal de 5 a 7%, no geral o investidor terá um ganho médio (com tranqüilidade!) próximo aos 2% mensais.

Medo globalizado: engana-se quem pensa que as bolsas de valores são locais frios e absolutamente racionais. A bolsa de valores é o termômetro e a economia, como um todo, o corpo que manifesta a temperatura. As temperaturas subiram nesse ano por causa principalmente da economia chinesa e americana. A primeira “pseudo-crise” que abateu os mercados financeiros mundiais iniciou-se na China no dia 27 de fevereiro, quando a bolsa de Xangai despencou 8,9% devido à preocupação das medidas para controlar o excesso de liquidez do país. O medo atual é oriundo do setor imobiliário dos EUA que tem um forte peso no crescimento do Produto Interno Bruto. Ameaças de crise nesse segmento costumam provocar receio de desaquecimento econômico.
Tempo de recuperação menor: geralmente as quedas bruscas são resultados de notícias isoladas e/ou realização de lucros. A tendência é a cotação voltar ao patamar anterior rapidamente. A cada crise internacional, o tempo de recuperação está ficando menor.

Na crise de 1987 a recuperação demorou 12 meses. Na Crise da China, em fevereiro desse ano, levou 15 dias. E na crise atual americana? Seguindo a lógica de que as economias de hoje estejam mais resistentes do que antes essa crise não demorará a findar-se porque boas notícias (a economia dos Estados Unidos cresceu 3,4% no segundo trimestre) combatem as ruins (crise imobiliária americana). Portanto, à medida que essa preocupação for se diluindo, o mercado voltará a uma tendência mais positiva.
Boas notícias brasileiras: 1) a queda consistente da taxa real de juros implica no aumento do valor justo das companhias brasileiras, pois este é calculado trazendo-se o fluxo de caixa estimado para os próximos anos ao valor presente; 2) a queda de juros gera um aumento do fluxo de compras nas Bolsas elevando as cotações de ações; 3) a promoção da classificação de risco do País para grau de investimento (investment grade) por agências internacionais aumenta o fluxo potencial de recursos do exterior para o Brasil.

Vender ou comprar?: a regra a maioria já sabe, vender na alta e comprar em seguida (mais do que tinha), na baixa. Se você conseguir comprar títulos subvalorizados, invariavelmente terá lucro no curto prazo. E por mais que pareça perigoso comprar quando todo mundo está vendendo, esta é a hora de fazê-lo. Por mais que o mercado seja imprevisível, ele eventualmente reage de forma quase previsível. O mercado acionário adota um comportamento de ”manada”, ou seja, em que os investidores ordenam as vendas sem muito considerar os aspectos fundamentais das ações, limitando-se a observar o fluxo das ordens de venda.

Manter-se na Bolsa: se o investidor investir com moderação e sabedoria em ações vai perceber que na conjuntura atual manter-se na Bolsa é uma opção segura para aumentar a rentabilidade de suas suadas economias. Sempre é recomendável comprar fundos focados em dividendos e diversificar os setores da economia brasileira dos papéis comprados. Os setores mais indicados são: siderurgia, petróleo, energia elétrica, agroindústria, concessionárias rodoviárias e bancos. E optar por empresas que praticam governança corporativa (tratamento igualitário entre os acionistas, além de transparência e responsabilidade na divulgação dos resultados da empresa) que acabam retornando um valor maior para os todos os acionistas. Outra maneira interessante de manter-se na Bolsa é o POP (Proteção do Investimento com Participação), produto lançado pela Bovespa em fevereiro, que reduz as perdas do investidor em troca de parte dos ganhos.

Marcos Crivelaro é professor Phd

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