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In vino veritas

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No vinho, a verdade! A expressão latina pode ajudar a esclarecer a anedota das três garrafas de vinho. Para quem já não se lembra, três garrafas de vinho seriam o conteúdo de uma pasta do senhor Jair Pessine, ex-secretário municipal de Sinop, fotografado em Brasília pela Polícia Federal. Se for verdade, Sinop tem que se ajoelhar a esse senhor e ao prefeito, pedindo mil desculpas por ter duvidado da honradez de ambos. Se inocente, essa dupla conseguiu algo inédito: uma obra de vultosos 40 milhões de reais para uma cidade do interior, com propina zero. Nilson e Pessine devem implorar para irem depor na iminente CPI da Navalha! Lá, poderão dar seu testemunho de que o Brasil tem jeito. De que não é necessário nenhum pagamento de propina para arrancar dinheiro federal para obras públicas.

Não sei se Pessine gosta de vinho. Seria interessante vê-lo contar a história do esgoto de Sinop, depois de algumas taças da predileta bebida de Baco. Ouvi-lo, sobretudo, dizer se alguma lição tirou do episódio. Ouvi-lo sobre as condições da cela em que ficou preso em Brasília. Às 9h48 do dia 26 de maio, a Folhaonline descreveu a cela habitada por Zuleido: “Cerca de 2,5 m por 4 m, uma mesa e uma cadeira de concreto, um banheiro com sanitário sem assento que servia de pia para escovar os dentes e sobre o qual está o chuveiro com água fria”. Na descrição da Folha, no corredor havia um televisor, que agentes da Polícia Federal ligavam apenas na hora do Jornal Hoje e do Jornal Nacional. Os presos não viam, mas ouviam as notícias sobre a Operação Navalha. Segundo a revista Veja, havia cela com seis presos que dividiam o mesmo sabonete.

Alguns amigos do prefeito não se cansam de pedir calma. Dizem que é preciso aguardar a apuração final do caso. Que Sinop merece respeito. Que não se pode deixar acontecer em Sinop o que aconteceu em outros municípios, nos quais os prefeitos foram afastados. Estão certos. Como certos estão os cidadãos que protestaram na Praça Plínio e na Câmara Municipal. Sinop merece respeito, mesmo! Os amigos do prefeito não podem impedir o povo de se manifestar. O que fariam eles se um adversário estivesse em situação semelhante? Alguns amigos já deram uma pequena mostra de como devem ser tratados possíveis oponentes. Houve tentativa de intimidação a um professor, o que gerou um boletim policial de ocorrência. Fato lamentável que em nada ajuda a aprimorar a democracia. Tais amigos talvez esqueçam de que não estão mais numa daquelas várias gincanas que disputaram, onde valia quase tudo para vencer. Talvez seja esse o problema. Achar que a administração de uma prefeitura como a de Sinop pode ser encarada como mais uma prova de gincana, onde impera o improviso, o amadorismo e até algumas rasteiras.

O prefeito já disse mil vezes que é inocente. Disse até que a ministra do STJ pediu desculpas por ter mandado prendê-lo. Foi a primeira vez que ouvi dizer que um magistrado pediu desculpas a um acusado. Segundo li na imprensa nacional, a ministra não confirmou esse pedido. Se realmente houve esse pedido de desculpas, é mais um motivo para que Nilson processe a União por tamanha injustiça. Mas o prefeito poderia ser mais rápido em sua defesa. Poderia, por exemplo, publicar uma cópia da lista de tudo o que foi apreendido em sua casa pela Polícia Federal, na presença de testemunhas. Se algo foi apreendido, há uma lista e Nilson ficou com uma cópia. Será que na casa do prefeito foram apreendidas garrafas de vinho? Quantas? Havia outras bebidas do gênero?

Leonildo Severo da Silva é advogado em Sinop.
[email protected]

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