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O político e os jardineiros: eu não sabia de nada

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Eis que desde há muito tempo, diante do quadro alarmante de falcatruas que tem surgido e cada vez mais a classe política envolvida e ver que o chefe maior da nação Brasileira “NÃO SABIA DE NADA”, tenho procurado fazer uma análise das vocações, uma a uma, para que pudesse ter em minha mente um resumo e poder fazer um comparativo qual dessas, seria e mais nobre. Eis finalmente o que encontrei:

Encontrei que de todas as vocações, a política é a mais nobre ou poderia ser, pois a origem é que Vocação, do latim “vocare”, quer dizer “chamado”. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um “fazer”. No lugar desse “fazer” o vocacionado quer “fazer amor” com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.

Encontrei também o significado de “Política” que vem de “polis”, ou seja cidade. A cidade era, na antiguidade para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos os moradores da cidade.

Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades; sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu “o que é política?”, ele nos responderia, ” a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas”.

O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.

Amo a minha vocação, que é ser advogado, já que escrever e um prazer que sinto e pode ser comparado á uma vocação bela no entanto fraca de minha parte. O Advogado, o fraco escritor que sou, tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.

Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante.

Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.

Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.

Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: “Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade…. Ao contrário dos “legítimos” políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou advogado e nas horas de folga escrevo e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.” Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.

Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolês.

Em nossa Terra, existem políticos por vocação, mas a tristeza é como cidadão ver e concluir, certamente, se não fossem atrapalhados e perseguidos pelos políticos de profissão, a cidade seria outra.

Atrapalhados e perseguidos por políticos, que depois de eleitos mudam sua personalidade, cedendo à acordos e o que é pior esquecendo daqueles que o elegeram.

Atrapalhados e perseguidos por políticos, que desrespeitam o cargo que ocupa, não tendo o comportamento exemplar que deveriam ter, muitas vezes cedendo ao uso de bebidas como foi observado pelas denúncias dias atrás.

A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?

Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam.

Escrevo para a sociedade revoltado mas sóbrio em minha consciência, para seduzí-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês e com isso possamos mudar o quadro que estamos vendo, onde chegam aos absurdos de ver denúncias de que pessoas embriagadas estão decidindo o futuro de nossa cidade.

Claudio Alves Pereira é advogado militante em Sinop, e articulista do Só Noticias claudioadv@terra.com.br

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