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Chucrute neles !

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Nada de CPI’s, Sanguessugas, alta do gás, máfias…A partir de hoje é proibido proibir !; afinal é Copa do Mundo, o Brasil estréia só na terça, contra a Croácia, numa semana que terá apenas dois dias úteis; se não, vejamos: segunda, dia normal, todo mundo pro trabalho; terça,ponto facultativo, bancos fechando mais cedo, todos ligados na estréia; quarta, volta à rotina, com um sorriso no rosto ou a cara fechada de quem não gostou do que viu; quinta, feriado nacional, sexta, todo mundo emenda, sábado ?, o pessoal emenda também, e no domingo: Brasil x Austrália. Esse é o Brasil, que esquece as mazelas, o mensalão e o Lula, para mergulhar numa festa que pode durar 30 dias, esperamos nós.

Mas, antes de falar de bola – coisa que você vai ler no caderno de esportes, quero lembrar da eterna relação da política com o futebol, nesse jogo do poder com cartas marcadas.

Já no primeiro governo de Getúlio Vargas refletira os embates políticos do país – o descontentamento das elites paulistas, cujo candidato á sucessão de Washington Luís (1926-1930), Júlio Prestes, embora tenha ganho as eleições, foi impedido de assumir a Presidência pela Revolução de 1930. O movimento que levou Vargas ao poder ocorreu no mesmo ano que em foi disputada a primeira Copa do Mundo, no Uruguai. Naquela ocasião, apenas um jogador de São Paulo havia aceitado integrar a seleção brasileira. Além de questões políticas, a pendenga entre o amadorismo paulista x o ascendente profissionalismo do Rio de Janeiro, tirou da Copa o maior atleta brasileiro de então, Arthur Friedenrich, que atuava no Tricolor do Morumbi.

O selecionado brasileiro teve participações pífias nas duas primeiras Copas, mas essa história começou a mudar nos campos e gabinetes em 38, com o Brasil alcançando a semifinal na França. Intelectutais não ficaram indiferentes ao fenômeno, que embasbacara Vargas. O sociólgo Gilberto Freyre (1900-1987), o jornalista Mário Filho e o escrito José Lins do Rego, passaram a apontar o futebol como um traço relevante da nossa identidade cultural.

EM 1950 veio o desastre que todos lembram (Uruguai 2 x 1 Brasil) na final que inagurara o Maracanã e em 54, na Suiça, a eliminação do Brasil nas quartas de final, pela Hungria, culpou um árbitro inglês pelo que ficou conhecido como a ‘Batalha de Berba’, acusando-o de ser um ‘agente do Kremlin’, por favorecer um país comunista. O juiz expulso Nilton Santos e Humberto Tozzi e permitiu agressões ao elenco.

Em 58, Juscelino Kubtischek percebeu a influência do futebol na massa e a possibilidade de se aproximar do povo, enviando à Recife o avião presidencial, onde a seleção campeã faria escala.

“Durante a Copa do Mundo substituí vários ministros e não houve uma única palavra nos jornais. Qual é a data da próxima Copa do Mundo? “, perguntara o presidente, ao então presidente da CBD, João Havelange.

Em 1962, no Chile, o país vivia um momento político tumultuado. No ano anterior, os militares haviam tentado evitar a posse de João Goulart, então vice-presidente de Jânio Quadros. Aproveitando o momento da Copa, Jango lembrava, que, na juventude, fora jogador de futebol, no Rio Grande do Sul e que lá defendera uma Lei para impedir a venda de jogadores brasileiros para o exterior.

Veio a semifinal e Garrincha foi expulso. O Brasil que já perdera Pelé por contusão, ficaria seriamente desfalcado. O presidente acionou a FIFA e conseguiu que o jogador fosse perdoado.

Depois, viria o regime militar (1964-85), quando os generais-presidentes apenas militarizaram a relação futebol-política, lançando o preparador físico das forças armadas, Carlos Alberto Parreira, desde aquela época, na seleção: um ‘filhote da ditadura’, mas veio o Tri em 70.

Os militares passaram a exigir que onde a Arena – partido político de apoio ao regime militar – estivesse mal, mais um time deveria ingressar no Campeonato Nacional. Deu no que deu: Copa do Brasil, Série C, Clubes dos 13 e por aí vai.

Em tempo: Chucrute é repolho cozido, recheado com carne e iguarias, uma típica comida alemã, mas que se degustada em demazia, produz muitos gases.

Oliveira Júnior é jornalista, editor de esportes de A Gazeta

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