Acabo de vir do hospital, onde está agonizando um amigo meu … chorei junto com ele ao lembrar do passado … fomos da geração que achava que só a tecnologia avançava rápido … o meio ambiente andou a passos de tartaruga, mas chegou … vimos às coisas acontecerem passivamente e não fizemos nada para mudar.
Ele mora em uma cidade, onde, aos poucos, deixamos transformar áreas verdes em favelas … Os canteiros centrais, antes corredores verdes … logo se transformaram em estacionamento de veículos … Os redondos, que existem para que não ocorra cruzamento entre duas avenidas … poderia ter sido transformado em praça de contemplação … encheram de gente … de acidentes.
Os canais de escoamento de águas pluviais, abertos inteligíveis … fecharam … canalizaram com tubos, achando que estavam fazendo o melhor … não fizeram a rede de esgoto … hoje o que mais se vende na cidade é … incenso …nosso lençol freático nem se fala … o segundo comércio da cidade é … água em caminhão tanque para encher as caixas d’água … quem não pode pagar, toma água clorada – sabor leite.
O comércio passou por uma dificuldade, para mostrar as vitrines, retiraram todas as árvores … ai o sol começou a queimar … para resolver … colaram insufilme … puseram lona … novamente tampando a vitrine.
Os pioneiros falaram que a chuva tinha diminuído … eles estavam enganados … continua chovendo bem … mas hoje temos duas estações … a da seca e a outra da inundação … porque … deixaram os terrenos pequenos e construir na sua totalidade … não deixaram nem um pedacinho de gramado. … mas aconteceu outra … a temperatura da cidade aumentou … aumentou tanto … que na hora do almoço parece que voltamos ao passado … tudo fechado para almoço … de tão quente que fica as ruas.
O Jardim Maringá, tido como bairro de alto padrão, hoje não passa de um bairro de classe média em decadência … hoje que tem … moram em suas reservas florestais … Falando em reserva … local mais seguro da cidade … e o Parque Florestal … que é proibidas a entrada e policiado 24 horas, armados até os dentes.
Naquela época, lembrei com o meu amigo … ninguém tinha tempo … a cidade era uma correria … reunião para discutir ações de cidadania … ficava em terceiro plano … hoje não tem o que mais discutir … só me resta lembrar do passado. Sinop – 01 de dezembro de 2030.
Hoje eu pergunto a vocês. Esta cidade e a que nós queremos?
Roberto Knoll é agrônomo e presidente da AENOR ( Associação dos Engenheiros do Norte de Mato Grosso ) em discurso proferido na abertura da terceira audiência pública do Plano Diretor de Sinop