É isso mesmo. Apesar de rentável e necessária no mundo de hoje, em especial na região onde desenvolvo minha atividade profissional, sonho com um mundo em que não exista mais lugar para o ramo do direito em que atuo.
Sou advogado trabalhista, atuo exclusivamente na defesa dos empregados, no entanto sonho com um mundo onde não exista mais o conflito entre capital e trabalho, pois não existirá mais patrão e empregado, não existirá mais a exploração do homem pelo homem. Sonho com um mundo onde a solidariedade e a compreensão da necessidade coletiva esteja sempre acima das necessidades individuais, do pensar particular, onde a cidadania seja exercício cotidiano de cada pessoa.
Aos 20 anos eu lutava por eleições diretas. Aos 40 anos por um governo popular e aos 60, estarei lutando em prol de que, pergunto eu a mim mesmo? Encontrei a resposta. Estarei lutando para que a economia solidária possa ser uma realidade em nosso mundo, em especial no Brasil.
Vejo hoje que o antagonismo capitalista da luta entre capital e trabalho, jamais se extinguirá no “modus operandi” do próprio capitalismo. Vejo também que as teorias socialistas, ao serem colocadas em prática não respondem a todas as necessidades humanas, já que, apesar de sermos uma sociedade, temos as nossas individualidades que se não contempladas, improdem qualquer projeto coletivo.
Então qual a solução? Penso que a solução está na economia solidária, através da implementação de cooperativas solidárias, onde a hierarquia será somente funcional e não patrimonial, onde não haverá salário ou pró labore, onde não existirá dispensa do trabalhador vez que não haverá a venda do trabalho e sim o trabalho coletivo com a distribuição justa dos resultados desse, pois a cooperativa solidária, antes de visar um lucro particular, visará um lucro coletivo, tendo assim uma função muito mais social que de acúmulo de riquezas.
Sei que essa semente não está apenas germinando em minha mente, livros e estudos já foram publicados tratando desta questão, sei também que já existem experiências práticas bem sucedidas, mas sei também que o antagonismo aparente de um profissional querer acabar com o seu próprio campo de atuação é um manifesto interessante, pois ao contrário de muitos, não defendo mudanças na sociedade que atinjam outras pessoas, defendo mudanças que atingem minha própria vida, pois maior que eu é meu próprio sonho.
Assim sendo, ratifico, quero acabar com minha profissão, chega de conflitos, que venha a economia solidária, que venha o cooperativismo solidário.
Rui Farias, advogado trabalhista em Sinop [email protected]