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Sou Cuiabano

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Recebi na quinta (07.04) a mais alta honraria a que farei jus em toda a minha vida. Não haverá outra, em tempo algum, capaz de me orgulhar tanto como o reconhecimento formal daquilo a que sou na prática, há mais de 16 anos: ser cuiabano.

Refiro-me ao título de Cidadão Cuiabano a mim outorgado pela Câmara Municipal de Vereadores de Cuiabá, por iniciativa da presidente da Casa, vereadora Chica Nunes (PSDB), a quem serei sempre grato. Assim como serei sempre grato ao compadre José Pereira Filho, o responsável por me trazer pra cá, maravilhado que ficou assim que conheceu esse lugar.

Mas, não vou ser modesto, mereci este título. Não digo isso por prepotência, vaidade ou veleidade. Digo que mereço este título porque amo esta terra. Posso não ter nascido aqui, mas foi aqui que finquei minhas raízes. Foi aqui que nasceu meu filho. É aqui me relaciono e tenho alguma importância, o que há de reconhecer até os que me odeiam. Enfim, é aqui que eu existo!

Cuiabá me deu tudo que tenho: profissão, casa pra morar, carro pra andar, filho pra ninar, mulher para me tolerar, dinheiro pra gastar, família – uma grande família – pra me aceitar, amigos pra chatear e políticos pra provocar.

Cuiabá me deu mais ainda: me deu Siriri, Cururu, Maria Isabel, ventrecha de Pacu, mujica de pintado, bagre ensopado, rasqueado, calor e preguiça, boemia e Choppão, rio Cuiabá e pescaria, lembranças do que queria ser, tristezas de não conquistar, e a felicidade de tentar de novo. Sempre.

Cuiabá me deu esperança quando precisava só de um estímulo. Cuiabá me deu oportunidades quando precisava só de uma chance. Cuiabá me fez rir, quando só conseguia chorar. Cuiabá me fez seguir, quando queria parar. Cuiabá me fez viver, quando já havia quase desistido.

Queria ser poeta pra fazer uma Ode a Cuiabá. Queria ser artista pra colocar mangueiras, jacarés e peixes numa Aquarela. Queria ser cantor pra desafinar meu próprio rasqueado em tamboretes de couro e na Viola-de-Cocho.

Essas habilidades não tenho, embora já as tenha tentado a todas. E outras ainda. Como retribuir a Cuiabá tudo que ela me deu, se só tenho amor e respeito por esta terra? Como homenageá-la, a não ser com gratidão e devoção?

Só posso fazer uma coisa de hoje em diante, que será encher o pulmão de ar, toda vez que me perguntarem de onde eu sou, e responder alto, escandalosa, consciente, apaixonada, eloqüente e simplesmente: „Sou Cuiabano!‰.

Kleber Lima é jornalista e Consultor de Comunicação da KGM

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