A reforma ministerial do governo Lula, parafraseando o senador Tasso Jereissati, é um “Show de Fisiologismo”. A reforma, que também poderia ser chamada de “Competência-Zero”, não tem nenhum compromisso com aquilo que o brasileiro pensa e deseja, a melhoria da administração pública. O vale-tudo do fisiologismo é o mote: reformar para agradar os aliados, desde que estes agradem aos interesses do PT, sendo dóceis e cientes de que não nunca estarão à altura dos petistas. A medida é inalcançável mesmo, a da prepotência.
O brasileiro assiste ao toma lá dá cá da reforma do governo Lula e vê o PT real. Isso só aumenta o sentimento que toma conta do país a cada dia, o da desilusão. Na verdadeira transposição das águas, o mar de promessas que Lula e o PT fizeram nas eleições em 2002 se transformou numa gota. A gota d’água que já encheu o pote e a paciência de boa parte da população.
Nesta reforma ministerial os critérios da aptidão, da capacidade de gerenciamento, foram postos de lado. Fica evidente a falta de compromisso com a responsabilidade social do governo de dar respostas imediatas e eficazes aos problemas nacionais. Qualquer um serve em qualquer lugar, o critério é a falta de critério, falta de respeito com o interesse público. Demitir e nomear apenas com os olhos postos na eleição do ano que vem.
O duro é ter aturar ainda o presidente da República dizendo que ele é “o treinador da seleção brasileira”. Vai escalar os melhores. Melhores para quem ou para o que? Para os interesses eleitoreiros e os arranjos que venham a manter, a qualquer custo, a sua movediça base de apoio. Já que as metáforas estão no campo esportivo, como diria o saudoso comentarista João Saldanha, meus amigos, o Lula está mais para treinador do Íbis de Pernambuco, que ostenta o título de pior time do mundo, do que treinador de seleção, ainda mais a brasileira.
O presidente brinca com um símbolo nacional e faz chacota com a torcida brasileira. Até o ex-treinador da seleção campeã de 1958, Vicente Feola, que, dizem, dormia no banco de reservas durante as partidas, sabia que time de qualidade é formado por jogadores competentes, escalados para as devidas funções em campo. Lula vai trocar ministro na base do sai um ruim e entra outro pior. Um treinador de visão pequena. Sua preocupação é acomodar o apetite voraz do PT por cargos e encaixar onde puder os “aliados” na escalação eleitoreira.
A nova seleção de “craques do fisiologismo” e de “pernas-de-pau da competência” terá um único objetivo neste “campeonato”: levar o presidente Lula a botar a mão na Taça da Reeleição.E bota pretensão nisso para um time que só marca gol contra. Enquanto isso, o povo, na arquibancada, passa aperto com a falta de políticas sociais eficientes, que digam os casos da tragédia das crianças indígenas e a perseguição aos aposentados, e com os aumentos escorchantes da carga tributária.
Seria cômico se não fosse trágico. Sofre a população e padece a nossa democracia. Estas cenas de fisiologismo explícitas estão passando no horário nobre da Nação. Um presidente que só pensa naquilo, a sua reeleição, é a certeza de que o cidadão comum jamais será lembrado. Não basta parecer com o povo ou falar como se fosse povo. O povo quer ser visto é nas ações do governo. Só que no time do presidente Lula não tem vaga.O povo foi cortado.
Antero Paes de Barros é jornalista, radialista e Senador da República pelo PSDB. [email protected]