O etanol tem um papel relevante na agenda de transição energética mundial. Proveniente da cana-de-açúcar e do milho, esse combustível é opção mais limpa e eficiente para a mobilidade urbana quando comparado a combustíveis derivados do petróleo.
Nesta sexta-feira, a diretora do Sindicato das Indústrias de Bionergia de Mato Grosso, Lhais Sparvoli, falou sobre o assunto no painel “As perspectivas para a bioenergia no Brasil”, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente Brasileiro na COP 27, realizada no Egito.
Também participaram do debate a Gerente Executiva de Sustentabilidade da Copersucar, Beatriz Milliet, o Diretor de Sustentabilidade da Combio e Roberto de Carvalho Véras, e o Diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Fabio Vinhado da Silva.
Hoje o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e Mato Grosso é o terceiro maior produtor do país, mas com expectativas de crescimento nos próximos anos, com a ampliação de novas usinas no estado.
Sparvoli falou que o setor de transporte é um dos principais emissores de gás carbônico, sendo esse um dos principais desafios para a redução dos gases de efeito estufa. No Brasil, 70% da frota de veículos leves é de motor tipo flex, que é menos poluente do que os carros elétricos da Europa, pois esses têm como fonte de recarga energia elétrica de matriz energética que vem de carvão ou gás natural.
“Não podemos analisar apenas a emissão final, mas considerar o ciclo total, de onde está vindo essa energia elétrica que vai abastecer o carro. O Brasil já tem a solução para transporte e energia limpa. Muito se discute sobre o que será feito para atingir metas de descarbonização até 2050. O etanol já é parte da solução, assim como toda essa indústria de bioenergia”, afirmou.
Representante do Ministério de Minas e Energia, Fabio Vinhado, fez uma retrospectiva da produção de etanol no Brasil, com início na década de 1970, sendo um produto de origem brasileira e programas de incentivos no Brasil para essa produção. “O etanol é um combustível do passado, do presente e do futuro. É um combustível limpo e competitivo se comparado a outros, por isso ele é do passado, presente e futuro”, afirmou.
A indústria do etanol de milho é nova no Brasil, com início de operação em, com início em 2017, com empresas utilizando tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos, maior produtor mundial desse combustível. Quase 75% da produção de etanol de milho de Mato Grosso é com matéria-prima milho e isso tem causado uma mudança positiva no cenário de bioenergia.
Além do combustível, as indústrias de etanol de milho também produzem DDG, farelo de milho proteico que é fonte de alimentação para animais e tem aumentado a produtividade e a redução de idade de abate, diminuindo o tempo que os bois ficam no pasto.
Ela também afirma que há uma correlação com a diminuição da área de pastagem, que caiu 17% nos últimos anos, liberando mais área para produção de alimentos. “A indústria de etanol não está só ajudando a produzir energia para transporte e eletricidade, está ajudando a produzir alimento”, afirmou a diretora do Sindalcool.