Até 2025, o estado de Mato Grosso precisará qualificar 178 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 39 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e cerca de 139 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. As informações são do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Segundo a entidade, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, cerca de 78% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.
Ainda conforme a Fiemt, o mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.
Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.
Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.
As áreas com maior demanda por formação são: Transversais, Metalmecânica, Logística e Transporte, Alimentos e Bebidas e Construção. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico em Eletrotécnica e profissionais da Metrologia, por exemplo.
O Senai é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.
Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve apoiar ações e políticas de emprego e educação profissional.
Para o diretor regional do Senai Mato Grosso, Carlos Eduardo Braguini, o Mapa do Trabalho valida a situação atual de demanda de formação profissional. “O Senai MT vem aumentando a oferta de cursos voltados para a agroindústria, atendendo desde aprendizagem, qualificação, cursos técnicos até o nível superior”, aponta.
Ele exemplifica o curso técnico em manutenção de máquinas pesadas, que prepara os estudantes para as tecnologias atuais presentes nas máquinas e equipamentos utilizados no setor. Outro exemplo, de acordo com ele, é o curso superior de tecnologia em agrocomputação, que alia a tecnologia da informação, inteligência artificial, instrumentação e tratamentos de dados para tomada de decisão.
O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades.
“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.
Para o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, a partir de agora uma força-tarefa foi formada para atender as necessidades em todos os setores da economia e ampliar a oferta de cursos nas unidades do Senai, bem como buscar parcerias para chegar a todos os municípios do estado. “Uma dessas parcerias já foi firmada com o governo do estado para atender ao novo ensino médio, com formação profissional técnica intercomplementar ao ensino médio, isso permitirá termos jovens preparados para atender a atual e a futuras demandas do mercado”, finaliza.