O relatório apresentado durante Seminário Mercado de Carbono na Agricultura, pelo consultor da Delta CO² Sustentabilidade, Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, refere-se ao balanço de carbono da produção de soja de fazendas associadas à Associação dos produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, da safra 2020/21. Os resultados indicam que as emissões de gases do efeito estufa foram de 0,57 toneladas de carbono por hectare; enquanto que as remoções (sequestro de carbono) foram de 2,24 toneladas de carbono por hectare.
De acordo com Cerri, foi realizada uma estimativa das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), e também a quantificação de carbono do solo devido a adoção de práticas de manejo conservacionistas. “Os resultados, portanto, mostram um balanço de carbono negativo, ou seja, benéfico, pois indica que houve maior remoção do que emissão no referido ano de avaliação”.
Com o tema Oportunidades dos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) a consultora Samanta Pineda, apresentou ao produtor rural como fazer a regularização ambiental de forma mais econômica possível e mostrou caminhos, inclusive para financiar títulos verdes. “O produtor terá impactos positivos ambientais, e ele pode fazer isso, se custeando, no final quando estiver tudo no conforme, como fala o mercado internacional Compliance (que cumpre e observa rigorosamente a legislação à qual se submete dentro de seus princípios éticos nas suas tomadas de decisões), ele vai poder oferecer serviços ambientais”, assegurou Pineda.
“Esse é um momento de virada para o produtor rural, ele sai das multas e regras ambientais, para um caminho de premiação. Quem fizer direito e certo, vai ter uma recompensa, vai finalmente ter o valor da sustentabilidade agregado ao seu produto”, explicou Samanta.
Ainda de acordo com a consultora, a Organização das Nações Unidas (ONU) lista 65 serviços ambientais passíveis de remuneração, no Brasil são cerca de dez. “É aí podemos falar em carbono que é o mais conhecido, mas temos também a biodiversidade, água, solo, paisagem, educação ambiental, e tudo isso já tem no dia a dia do produtor rural, precisamos só valorar isso, fazer o produtor atentar que ele pode agregar, e as formas como ele vai ganhar com isso”, pontuou ela.
Na palestra sobre o Mercado de Carbono, o consultor e especialista no assunto, Éder Zanetti, explicou que ao longo dos últimos anos, o cultivo agrícola foi considerado emissor de Gases de Efeito Estufa (GEE) por conta de substituição de uso da terra de florestas nativas para áreas antropizadas. O cultivo antropogênico da terra era uma ameaça e que por isso as emissões GEE das florestas tropicais representavam um problema para o mundo.
“Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), ficou estabelecido que o uso antropogênico da terra é a solução para as mudanças climáticas, e que as florestas tropicais, assim como todas as demais, são parte desta solução. Com isso surgiu a oportunidade de geração de créditos de carbono da agricultura tropical, e isso pode acontecer nas propriedades rurais”, explicou Zanetti.
A estratégia para trabalhar essa nova realidade, nos mercados de carbono, o voluntário e o oficial, com o apoio da Plataforma de Negócios com Bens e Serviços Ambientais e Ecossistêmicos (PNBSAE), também foi apresentada. “Precisamos desenvolver as métricas brasileiras (metodologias MRV), que vão servir para medir a quantidade de créditos de carbono gerados pelas atividades de projeto, os empreendimentos rurais, do nosso País. Com isso, poderemos planejar melhorar nossas ações”, concluiu.
O agricultor em Sapezal, Pedro Beppler, disse que esse Sseminário de Carbono na Agricultura traz assuntos importantes que na maioria das vezes não se tem ideia do que é e de como isso pode auxiliar o homem do campo. “Muitas vezes a gente só pensa em trabalhar e acaba não vendo as grandes possibilidades que o mercado de carbono pode nos oferecer e aqui nesse encontro eu estou tendo essa oportunidade, de que forma isso é possível até para eu poder passar para meus filhos que vão poder colher os frutos desses estudos”, declarou.
O coordenador da Sustentabilidade da Aprosoja-MT, Zilto Donadello, afirmou que esse é o primeiro Seminário que a entidade está fazendo. “Estamos apresentando um estudo que a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) e a Aprosoja estão fazendo sobre o estoque de carbono no solo, tanto em floresta nativa como em área de produção. A soja/milho é importante mostrarmos isso ao produtor, que a muitos anos vem sendo criticado. Nós estamos conseguindo demonstrar que a produção agrícola não é vilã, mas sim fixadora de carbono e ela vem a somar positivamente nesta questão, com dados importantes e com um novo mercado ativo ambiental”, assegurou Donadello.
A informação é da assessoria.