A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) obteve sua primeira patente de invenção expedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A invenção, intitulada “processo para obtenção de carvão vegetal ativo a partir dos frutos da bananeira”, é uma tecnologia que permite a produção de um carvão vegetal ativo com propriedades especiais que lhe permite diferentes aplicações industriais. A partir da concessão da Carta de Patente, fica assegurada a propriedade da invenção em todo o território brasileiro, garantindo os direitos dela decorrentes pelo prazo de 20 anos.
A tecnologia foi desenvolvida pela acadêmica Pércia Graczyk de Souza durante o curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (PPGasp) do câmpus de Tangará da Serra. Ela foi orientada pelos professores Tadeu Miranda e Queiroz e José Wilson Pires de Carvalho.
A tecnologia, desenvolvida durante o mestrado e que teve o depósito de patente pedido ainda em 2016, pode ser utilizada, por exemplo, em produção de cápsulas de carvão ativado para fins farmacológicos; como isolante térmico, acústico e elétrico para aplicações especiais e ainda em remoção, adsorção de contaminantes químicos de água e esgoto no processo de tratamento e purificação.
O projeto que deu origem à tecnologia é intitulado “Desenvolvimento de filtro biodegradável a partir da banana-terra” e era vinculado ao Programa de Pesquisa e Extensão denominado “BB Água Limpa”, coordenado pelo professor Tadeu Queiroz, e contou com apoio de vários colaboradores.
A inventora Pércia explica que, ainda durante sua graduação no curso de Engenharia de Alimentos na Unemat em Barra do Bugres, era bolsista de iniciação científica e foi durante as pesquisas experimentais com biomassas de banana que, em um dado momento, percebeu que o material era extremamente poroso, e que poderia resultar em um produto útil para o tratamento de água. “A partir dessa descoberta, eu e o meu orientador, o professor Tadeu, percebemos que o material poderia resultar em um novo produto, e decidimos continuar com a investigação, agora já no curso de mestrado”, explica, através da assessoria.
Pércia avalia que o apoio da Unemat e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat), que concedeu bolsa de mestrado, foram fundamentais para que ela pudesse desenvolver a pesquisa que culminou com a primeira patente concedida à Unemat. “Nós iniciamos tudo com muitas incertezas, inseguranças. Éramos leigos no assunto, não tínhamos estrutura apta para o desenvolvimento da pesquisa. E persistimos. A única certeza que eu tinha era do depósito da patente e da conclusão do mestrado. Que, por mais que houvesse muitos desafios, essas etapas seriam concluídas com sucesso, até porque nossa equipe (eu, Tadeu e professor Wilson) nos empenhávamos para isso e, hoje, é uma alegria enorme ver essa patente concedida”, afirma.
A assessoria informa que além da concessão desta primeira carta de patentes concedida à Unemat, outros dez processos de patentes de invenção estão depositados e aguardam o trâmite final junto ao Inpi. A instituição já registrou 7 programas de computador, 4 marcas e 5 cultivares agrícolas.