O presidente da Fecomércio (Federação do Comércio, Bens e Serviços) no Estado, José Wenceslau de Souza Júnior, avaliou que os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia começam a ser sentido em Mato Grosso. “Infelizmente, estamos assistindo a um conflito no leste europeu sem precedentes para a humanidade. Além de perdas humanas, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia traz impacto nas economias mundiais, para o Brasil e, especialmente, para Mato Grosso. Isso se deve sobretudo pela sua potência agrícola, que é dependente de fertilizantes russos, tendo o potássio como principal insumo para as lavouras”. A “alta nos preços desses insumos já é uma realidade, pois em uma semana de guerra, o preço de fertilizantes subiu 5,8% no país. Pode ocorrer, ainda, a falta desses itens, já que além da Rússia, Ucrânia e Belarus também exportam e, temporariamente, podem deixar de exportá-los”. “O setor do comércio também será afetado já que é bastante dependente do setor primário. Costumo dizer, inclusive, que se o agro vai bem, o comércio vai bem, se o agro vai mal, os outros setores produtivos sofrem prejuízos”, expôs.
“Outra consequência imediata refletirá no preço dos combustíveis, pois a Rússia é a segunda maior exportadora mundial de petróleo, e sem ela, o valor do produto já apresenta aumento expressivo. Sem dúvida alguma, esse acréscimo chegará ao nosso estado, impactando no caixa das empresas e no bolso dos cidadãos”, analisa Venceslau.
“Também teremos outros efeitos que devem pressionar a inflação para cima, como no caso do trigo. O Brasil importa a maioria do trigo da Argentina, mas sem a Rússia no mercado mundial, que é a maior exportadora de trigo do mundo, o preço desse item aumenta, já que é uma commoditie, e isso acaba afetando novamente o comércio e a população em geral por conta do “pãozinho” de todo dia, além das massas e biscoitos que devem ficar mais caros”, acrescenta, em artigo.
“O que podemos concluir é que esse processo ocorre uma reação em cadeia, já que, uma mudança em determinado setor econômico amplia para outros e acaba chegando nas pessoas comuns. Lamentavelmente, esse fato é inevitável. Nos resta acompanhar os próximos passos dos principais envolvidos no conflito para avaliarmos quais as medidas necessárias para minimizar as perdas, que serão muitas”, conclui o presidente da Fecomércio Mato Grosso.
Na semana passada, o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso), Fernando Cadore, manifestou preocupação com possível falta de fertilizantes e os impactos na atividade agrícola.